Governo pretende reinaugurar Independência em março

Comissão obtém informações sobre a colocação de grades no Estádio Raimundo Sampaio - Independência
Apesar do problema de visibilidade de 6 mil lugares no Estádio Independência, a Secretaria de Estado Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) ainda trabalha com a perspectiva de reinaugurar o espaço na segunda quinzena de março. A informação foi passada pelo gerente do programa estruturador Copa do Mundo 2014, Éder Sá Alves Campos, na reunião da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais desta quinta-feira (1º/3/12).
Na avaliação de Éder Campos, o estádio tem que ser reaberto disponibilizando todos os seus 25 mil assentos, inclusive os 24% que têm problemas com a visibilidade. Para ele, apesar dessa dificuldade, o ponto principal a ser observado é o da segurança dos torcedores e nesse aspecto, o Estádio Raimundo Sampaio (nome oficial do Independência) atenderia a todos os requisitos. “Do jeito que está, já seria possível abrir o estádio. O torcedor gostaria de estar lá”, reforçou.
Quanto a soluções para os assentos com guarda-corpos e grades instaladas, o executivo reconheceu que a Secopa ainda não tem a solução. Em visita da ALMG ao estádio, foi constatado que a pouca visibilidade do campo se deve ao alto grau de inclinação da arquibancada do piso superior (40º), prejudicando principalmente os torcedores das primeiras cadeiras. “Já criamos um grupo de trabalho com engenheiros e arquitetos que vão fazer um estudo sobre essa questão”, disse Éder Campos, acrescentando que qualquer medida a ser tomada levará em conta a relação custo/benefício.

Irresponsabilidade - Um dos autores do requerimento pela reunião, o deputado Antônio Júlio (PMDB) fez pesadas críticas à atuação do Governo do Estado na reforma do Independência. “Faltou planejamento, responsabilidade e compromisso com o dinheiro público”, criticou. Ele listou uma série de gargalos no estádio: acesso ao local, falta de estacionamento para os torcedores e o próprio valor gasto com a obra - segundo o deputado, ela teria ficado 190% mais cara que o previsto. “De fato, o estádio ficou muito bonito, mas cheio de problemas”, concluiu, lamentando ainda a ausência do secretário Sérgio Barroso e do representante do Corpo de Bombeiros na reunião.
Também autor do requerimento pela reunião, o deputado Gustavo Valadares (PSD) justificou a ausência do secretário, afirmando que na última quarta-feira (29) ele participou de outra reunião na ALMG, sobre a Feira do Mineirinho. Discordando de Antônio Júlio, ele afirmou que a situação do Independência não poderia ser tratada de forma política. “O Estádio Independência ficou em cerca de R$ 120 milhões, investimento todo bancado pelo Governo do Estado”, destacou.
Sobre a visibilidade das cadeiras, Valadares disse que as instruções normativas do Corpo de Bombeiros que embasaram a colocação de guarda-corpos e grades se basearam na literatura de Portugal sobre o assunto e o próprio país não tem adotado as medidas que prega, segundo ele. Afirmando ter percorrido estádios em Portugal e de outros países, com inclinações maiores que a do Independência, Valadares disse que em nenhum deles foram utilizadas normas tão rígidas. O deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) concordou, declarando que, em anos atuando como radialista e também como parlamentar, nunca viu guarda-corpo tão grande quanto o do Independência.
Por fim, Gustavo Valadares defendeu a abertura imediata do Independência. “Mesmo com 19 mil lugares, é interessante abri-lo, já que estamos no início do Campeonato Mineiro, até se chegar a uma solução daqui a 90 dias”. Também o deputado Ivair Nogueira (PMDB) advogou a abertura o quanto antes do estádio. E afirmou que faltou tato do governo para detectar no momento correto o erro e corrigi-lo antes de gerar todo esse problema.
Deputado defende pesquisa com torcedores sobre visibilidade
Na opinião do presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, deputado Délio Malheiros (PV), “o Estado terá que conviver com essa situação com tranquilidade, sem se deixar levar pelo calor do debate”. Ele acredita que o governo não pode se dobrar à pressão da imprensa e dos torcedores e deve resguardar a segurança do estádio. Também defendeu uma pesquisa, depois da abertura do estádio, com torcedores que se sentarem nas cadeiras com problemas de visibilidade. Nessa enquete, poderia se detectar o grau de incômodo percebido pelo torcedor e o possível desconto que ele gostaria de ter no preço do ingresso por ficar nesses assentos.
“Só não enxerga o problema da visibilidade de parte das cadeiras do Independência quem não quer ver”, afirmou o assessor da presidência do Crea-MG, Teodomiro Bicalho. Ele levantou dúvidas quanto à possibilidade de o estádio ser reinaugurado ainda em março. E sugeriu que as autoridades presentes se juntassem para buscar uma solução.
MP - O promotor da 14ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, Edson Antenor Lima Paula, saiu em defesa do Corpo de Bombeiros, afirmando que a corporação adotou as medidas seguindo as normas de segurança vigentes. De acordo com ele, só um estudo de engenharia e arquitetura pode trazer uma resposta definitiva quanto a resolver totalmente ou parcialmente o problema da visibilidade ou até mesmo, de não haver uma solução técnica viável.




Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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