SERTÃO GRANDE: DESCOBERTA DE MINÉRIO DE FERRO FAZ INVESTIMENTOS CORREREM RUMO AO CERRADO

GRÃO-MOGOL, PORTEIRINHA E BRASÍLIA DE MINAS (Paulo Henrique Lobato - Luiz Ribeiro) – Quando disse a frase do alto desta página, Riobaldo Tatarana, o personagem narrador de Grande sertão: veredas, quis ressaltar a imensidão do sertão mineiro. Sem saber, profetizou o que o governo de Minas, hoje, chama de a nova fronteira do minério no estado. Pesquisas descobriram que o subsolo de Grão-Mogol e o de 19 cidades vizinhas encobrem jazidas estimadas em 20 bilhões de toneladas. A descoberta deflagrou uma corrida de investimentos na área. Apenas quatro empreendimentos vão aportar R$ 7 bilhões, impulsionando a geração de emprego – a projeção é de 10 mil vagas diretas – e estimulando empresários do comércio e de serviços a ampliar seus negócios para atender a futura demanda.
“Deve ocorrer uma pujança econômica”, acredita Paulo Sérgio Machado Ribeiro, subsecretário de Política Mineral e Energética do governo de Minas. Um dos principais investidores é a Mineração Minas Bahia (Miba), que iniciou a sondagem numa área de 8 mil hectares em Grão-Mogol, cidade histórica escolhida por Guimarães Rosa para ser a terra natal do personagem Joca Ramiro, o jagunço cuja morte desencadeou a guerra entre bandos. A empresa acredita que poderá retirar, em média, 20 milhões de toneladas de ferro por mês no local. Para isso, deve aplicar R$ 3,6 bilhões.
Riqueza, emprego e tecnologia pintam cores diferentes no cenário de Guimarães Rosa. De olho na gorda cifra, que corresponde à metade do orçamento anual da Prefeitura de Belo Horizonte, empresários de Grão-Mogol e região se apressam para garantir alguma fatia. Diná da Costa e sócios, por exemplo, levantaram R$ 2 milhões para erguer o Hotel Paraíso das Águas, com 80 leitos. O empreendimento foi inaugurado há poucas semanas: “Já fechamos convênio com algumas mineradoras. Começa uma nova era na cidade”. A alegria é semelhante à de dona Rosa Jaconett, proprietária de um restaurante no povoado de Bucaina, vizinho ao canteiro de obras montado pela Miba. Diariamente, ela serve 60 refeições apenas para os empregados da mineradora.



Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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