Vice-presidente da Câmara vira prefeita de Olhos d'Água

Olhos d’Água, cidade de 5,4 mil habitantes a 415 quilômetros de Belo Horizonte, no Norte de Minas, está sendo administrada pela vice-presidente da Câmara Municipal, a dona de casa Elisângela Amaral Silva (PSB). Depois da prisão do vice-prefeito Jefferson Maurício de Moura (PR) e mais cinco pessoas na Operação Brilho dos Olhos, da Polícia Federal, na segunda-feira, suspeitos de desviar recursos por meio de notas fiscais frias para simular a compra de combustíveis, e do afastamento do prefeito Antônio Dias Neto (PP) pelo mesmo motivo, a Justiça determinou que o presidente da Câmara, o agricultor José Maria Soares de Souza (PP), assumisse a prefeitura, mas ele não aceitou. O motivo é simples: evitar ficar inelegível em outubro.
“O José Maria alegou que ainda não estava preparado para comandar a prefeitura e que, se assumisse o cargo, ele ficaria inelegível para ser candidato a vereador novamente, sendo que o prefeito titular pode recorrer e voltar a qualquer momento”, explicou Elisângela, empossada na segunda-feira. A prefeita diz ter sido pega de surpresa com a convocação. “Alguém tinha que assumir a prefeitura, afinal a cidade não pode ficar sem prefeito. O povo precisa ter um representante na chefia do Executivo”, justifica a ex-líder comunitária da localidade de São Miguel, onde ainda mora, distante 28 quilômetros da sede do município.
A Polícia Federal prendeu ainda a secretária de Finanças do Município, Geizianne Aparecida Dias – filha do prefeito Antônio Dias Neto –, os servidores municipais Carlos José Dias e Henry Leonardo Alves Dias e os comerciantes José Agostinho Chaves e Simone Freitas Chaves, donos do único posto de gasolina da cidade, onde segundo as investigações, a fraude aconteceu.
O afastamento do prefeito e do vice foi determinado pelo juiz Frederico Esteves Duarte Gonçalves, da Segunda Vara Cível de Bocaiúva, que decretou também a prisão preventiva dos envolvidos na fraude e a posse imediata do presidente da Câmara. José Maria, que apenas assinou a notificação da Justiça e se recusou a tomar posse, mora na zona rural de Olhos d’Água, distante 30 quilômetros da sede, e não foi encontrado pela reportagem.

Sem gasolina
A prefeita já enfrenta o seu primeiro problema na administração: falta de combustível nos carros oficiais. Por determinação da Justiça, a prefeitura está proibida de comprar combustível no único posto da cidade. “O problema é que o outro posto de gasolina mais próximo fica em Bocaiúva, a 48 quilômetros de distância”, reclama Elisângela. Dos 18 veículos da prefeitura, três já estão sem rodar, incluindo um Astra, usado pela prefeita.



Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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