Manga e Itacarambi vão ter que esperar pela pavimentação da BR-135 mais uma vez

Ex-ministro Tarcísio Freitas (centro) reunido com bolsonaristas norte-mineiros: promessas... promessas... promessas

(Luís Claudio Guedes Oliveira, Em Tempo Real) Deram em nada as caravanas que o bolsonarismo de ocasião do extremo norte-mineiro fez a Brasília nos últimos sete anos em busca da aprovação da pavimentação do sub-trecho de 48 quilômetros da BR-135 entre as cidades de Manga e Itacarambi.

Chegou o tempo da colheita eleitoral, mas a turma das promessas vazias nada tem para mostrar.

Os deputados Arlen Santiago (estadual) e o Pinheirinho (federal), além de Carlos Viana (senador) e um magote de lideranças em que se inclui o ex-prefeito de Manga Quincas de Otílio e atual prefeita de Itacarambi, Níveia Maria, fizeram incontáveis romarias a Brasília atrás do asfalto, na esperança que o governo de Jair Bolsonaro lhes desse a primazia de serem os donos da obra.

Malharam em ferro frio, porque não seria o pior presidente da história do país a resolver a espera de quase cinco décadas pelo asfalto. Bolsonaro, o presidente zero-entrega, não teria mesmo como atender seus seguidores do norte-mineiro.

PASSEIOS GUIADOS
O deputado estadual Arlen Santiago (Avante), em campanha pelo sétimo mandato, chegou a se posicionar como o novo 'pai' do asfalto depois que a ex-presidente Dilma foi apeada do poder em agosto de 2016.

Arlen arrotou um poder que nunca teve - afinal é um mero deputado estadual. Seus passeios guiados pelos gabinetes da Esplanada têm pouco efeito.

Com a habitual arrogância, Arlen critica dia sim e dia também os governos petistas por não trazer o asfalto entre Manga e Itacarambi - paralisado em 2016 por trava de natureza ambiental.

Ele esquece - de caso pensado - que o sofrido eleitor norte-mineiro viu o asfalto brotar no sertão entre Manga e Correntina (na Bahia) durante os governos Lula/Dilma Roussef.

Arlen e seus extremistas de direita disseram que resolveriam a parada, inclusive com o compromisso de retirar de pauta os impedimentos que suspenderam a execução da obra (uma delas a existência de suposto cemitério indígena no traçado da estrada).

Essas travas foram superadas, é verdade, mas o bolsonarismo local só entregou a miragem do asfalto que nunca veio. Arlen mentiu e enganou, mas não passa recibo.

O deputado sobrevoou pelo menos quatro municípios da microrregião de Manga no último final de semana, mas evita tocar no assunto do asfalto que não chegou e da grande frustração que isso causa nas pessoas - já desiludidas com a capacidade dos políticos em resolver o assunto.

SEM PROMESSAS
Exemplo desse desencanto foi a criação do movimento 'BR-135 Sem Promessas', encabeçado entre outros líderes, pelo advogado e morador de Manga Maurício Magalhães.

Para os usuários da rodovia e simpatizantes do movimento, o asfalto não saiu e não tem chances de sair sob Bolsonaro: não há dinheiro no orçamento que garanta sua execução.

A licitação anunciada há pouco mais de três meses, praticamente às vésperas da campanha eleitoral foi só enganação. Substituto de Tarcísio de Freitas no Ministério da Infraestrutura, o ministro Marcelo Sampaio esteve em Montes Claros há três meses, quando reuniu o neo-bolsonarismo regional para anunciar a ordem de serviço para o asfalto.

A empresa escolhida, no entanto, não deu as caras e não instalou- até aqui - seu canteiro de obras na região.

Fossem verdadeiras as promessas do bolsonarismo, a população da região já teria a tão esperada pavimentação da BR-135 como assunto resolvido.

Fora do mundo idealizado pelo deputado Arlen e seus parças bolsonaristas, o povo segue trafegando pela lama e poeira – a depender da estação.

O advogado Magalhães disse ao site que estão previstos trabalhos de manutenção da estrada, pedido, entre outros, do deputado federal Aelton de Freitas (PP), de quem é aliado. Não há, entretanto, garantias de que isso vá acontecer antes do período das chuvas que se aproxima.

PAI DO ASFALTO
Há pelo menos seis anos, Arlen avocou para si a paternidade da pavimentação da estrada, mas suas previsões – e promessas – falharam miseravelmente.

O político apostou todas as suas fichas no governo-tampão do ex-presidente Michel Temer (2016/2018) para a retomada do asfalto, mas nada aconteceu. Promessas atrás de promessas, que o tempo mostrou serem apenas eleitoreiras.

Posteriormente, Arlen abraçou o bolsonarismo, que, segundo sua crença, finalmente seria o responsável pela obra do asfalto. Apostou todas as fichas no ex-ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), que saiu do governo para disputar mandato em São Paulo e deu uma banana para Arlen e sua patota.

O fato é que, asfalto que é bom, nem sinal até agora - às vésperas de mais uma eleição. Houve até mesmo a tentativa frustrada de licitação no final do ano passado.

A empresa apareceu para cobrar caro demais e o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes) pela obra e até mesmo a recente contratação de empresa para tocar a obra em período eleitoral.

Era tudo fantasia e mentira. A eleição presidencial está chegando – mais uma. Asfalto que é bom, nada. O advogado e líder do 'BR-135 Sem Promessas' expressa a desilusão da população.

"A BR-135 representa o maior cabo eleitoral da região. A cada quatro anos, deputados e candidatos ao cargo na região precisam usar a rodovia para renovarem suas promessas. Acredito que a obra vai sair, mas não pela vontade política dos nossos representantes, mas antes pela mobilização do povo, comprometido em cobrar que ela saia do papel", avalia Magalhães.

CADÊ TARCÍSIO?
Em março de 2021, o deputado Arlen apresentou projeto na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para devolver a responsabilidade pela rodovia do governo de Minas para a União.

O 'mando' da rodovia tem se alternado entre o Estado e a União desde o governo Fernando Henrique Cardoso (1995/2002).

Na expectativa de que o então ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes Freitas se empenharia em realizar o asfalto, Arlen conseguiu a aprovação de nova federalização da BR-135. Mas asfalto que é bom, nada.

Tarcísio de Freitas deixou o governo para disputar o governo de São Paulo e deu uma banana para os bolsonaristas do Norte de Minas Gerais.

Diante do fracasso de sua gestão, Arlen enfiou a viola no saco e não tocou mais no assunto do asfalto.

O que não o impede de pegar o helicóptero e sobrevoar os municípios da região em busca da colheita do que não plantou - como fez no último final de semana ao visitar Miravânia, Manga, Missões e Itacarambi.

Arlen está há 30 anos na política e adota a tática de ser o despachante de prefeitos da região junto ao governo estadual. Seu mundo caiu quando o deputado Aécio Neves foi desmascarado em rede nacional.

Sem chão, pulou para o bolsonarismo e busca aproximação com o governador Romeu Zema (a quem não apoiou em 2018). Multimilionário, ele não usa a esburacada BR-135. Prefere o avião. Talvez já tenha chegado o momento do eleitor perceber que os interesses de Arlen não são seus interesses - inclusive na novela do asfalto. Dessa mata, não sai codorna.

Comentários

  1. Cadê a turma do PT que você esqueceu de falar,que ficou lá quantos anos também, não adianta desviar...

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