Gás custa R$ 11, mas é vendido por até R$ 50 em alguns lugares

O botijão com 13 kg de gás liquefeito de petróleo (GLP) sai da Petrobrás custando, em média, R$ 11, mas chega às revendedoras mineiras por até R$ 50 - quase cinco vezes mais. O que explica essa diferença? "Não sabemos", resume o presidente da Associação Brasileira de Revendedores de GLP (Asmirg-BR), Alexandre Borjaile. Entender a cadeia de preços do gás de cozinha é tarefa tão complicada que há, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, um pedido de CPI para tratar do assunto.
"Estamos terminando de colher as assinaturas e já realizamos uma audiência pública com os representantes do setor", conta a vereadora Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB), que precisa recolher ao menos 28 assinaturas para instaurar a Comissão. No último dia 15 foi realizada na Câmara uma audiência pública para tratar do preço do gás de cozinha. Segundo Maria Lúcia Scarpelli, a reunião durou mais de quatro horas e, segundo ela, a cadeia de custos do gás não foi esclarecida.
Para o presidente da Asmirg, a culpa é dos distribuidores, que controlam o mercado e os preços. "É um cartel. São apenas cinco distribuidores que controlam os preços. Eles manobram para evitar a entrada de outros concorrentes e praticam livremente preços abusivos", dispara.
O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sergio Bandeira de Mello, rebate as acusações e aponta dois responsáveis pelo alto preço do gás: impostos e logística. Ele diz que, em Minas Gerais, o preço do gás na refinaria é de R$ 11,67 mas que, com impostos (PIS/Cofins de R$ 2,18 mais ICMS de 6,67%), o valor pula para R$ 20,52.
"Esse percentual de 49,3% entre o preço que sai da refinaria e o que chega ao consumidor não é lucro, é para cobrir os nossos custos", defende Mello. Segundo informações do site da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em Belo Horizonte, o gás chega às revendedoras entre R$ 28,00 e R$ 33,00 e, para o consumidor, o valor vai de R$ 37,00 a R$ 49.
Concentração. Apenas cinco empresas distribuidoras de gás de cozinha são responsáveis por 94% do mercado. A informação é do próprio presidente do Sindigás, que não vê problema na concentração do mercado. "Se é bom ou se é ruim, eu não sei. Mas é fato que este mercado é concentrado, e é assim no mundo inteiro", argumenta. "Acho que uma explicação para esta concentração é pela característica do setor, que ganha na escala", completa o dirigente.
Ele diz que o trabalho de distribuição de combustíveis não pode ser feito por empresas pequenas e que, por isso, poucos agentes atuam no mercado. "Essa acusação de que somos um cartel é ridícula. São 47 mil pontos de venda no Brasil", finaliza Mello.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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