Projeto que beneficiária o Norte de Minas Gerais e o Nordeste do Brasil é caso de corrupção no Governo Bolsonaro, que consumiu mais de R$ 1 bilhão

Bolsonaro no Nordeste. Créditos: Presidência da República

O município de Oeiras, no Piauí, foi um dos contemplados por uma “força-tarefa das águas” projeto do governo Jair Bolsonaro (PL) para o Nordeste e o norte de Minas. Dois anos depois, no entanto, poços abertos pelo programa estão lacrados. As obras pararam pela metade e bombas de retirada de água não foram instaladas.

O mesmo ocorre em todo o semiárido nordestino. Os contratos do atual governo, que foram analisados pelo Estadão durante três meses, somam R$ 1,2 bilhão para a construção de poços no sertão. Os documentos, no entanto, mostram irregularidades em pregões milionários feitos em menos de dez minutos e a reserva de recursos para abertura de novos poços sem que outros sejam concluídos.

O resultado, de acordo com reportagem de Julia Affonso e André Shalders, é um cemitério de poços abandonados.

"Estatal do Centrão"
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas), que é do Piauí, anunciou no fim do ano passado que a construção de poços seria uma marca do governo Bolsonaro no Nordeste:
“O presidente nos deu a determinação de levar um grande programa, uma verdadeira força-tarefa para que a gente unifique diversos órgãos que são voltados ao sistema de abastecimento de água para a população”, afirmou.

O projeto de abertura de poços envolveu três órgãos controlados pelo próprio Ciro Nogueira e por líderes aliados do Planalto: a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), conhecida na região como "a estatal do Centrão", o Dnocs e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Água que não sai do buraco
Bolsonaro participou da entrega de poços no Nordeste no primeiro semestre deste ano. Ele citou as obras durante lançamento de sua candidatura ao Palácio do Planalto, em julho, no Rio. “Água em grande parte do Nordeste é uma realidade. Também o nosso Exército, com a Codevasf, fura dezenas de poços todos os meses, levando dignidade a essas pessoas. Eu estou mostrando o que nós fizemos, o que pretendemos seguir fazendo”, afirmou.

A realidade, no entanto, de acordo com extensa e detalhada reportagem do jornal, é outra. Parte dos editais da administração federal não informa a localidade exata onde o poço deve ser perfurado. Há pregões em que nem o tipo de rocha é especificado. Para especialistas em auditoria de obras públicas, isso influencia no preço final do contrato e limita a concorrência de empresas de pequeno e médio porte.

E, o que é mais importante, sem a instalação de bombas ou com bombas de baixa potência, a água não sai do buraco.

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