União de forças para conter o avanço da criminalidade em Minas Gerais

Medidas foram anunciadas durante coletiva nesta quinta-feira
Melhorias na estrutura física das polícias Civil e Militar, aumento do efetivo das corporações e mudança na estratégia de atuação das forças de segurança são a resposta da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) para conter a criminalidade em Minas, onde 3.754 pessoas foram mortas só em 2011. As medidas fazem parte de um pacote de 34 ações, batizado de Plano Integrado de Enfrentamento à Violência, divulgado nesta quinta-feira (17) pelo governo estadual. O investimento será de R$ 225 milhões.
Só na capital, os homicídios cresceram 12% nos quatro primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2011. A redução deste tipo de crime violento é uma das prioridades do plano, diz o titular da Seds, Rômulo de Carvalho Ferraz.
“A integração entre as instituições públicas necessitava de ajustes e por isso ouvimos especialistas da área para criar esse ‘realinhamento’. Muitas das ações estão em curso e o monitoramento diário dos crimes já dá resultados positivos”, afirma o secretário. Segundo ele, os recursos para a ação estão garantidos por verbas do Estado e convênios com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Uma das apostas é a criação do Comitê Interinstitucional de Repressão a Crimes Violentos, incumbido de traçar estratégias contra a violência. Outra é a maior integração entre as polícias Militar e Civil, o Ministério Público Estadual e o Poder Judiciário, além do treinamento das forças de segurança. “A população vai perceber as mudanças quando, a médio e longo prazos, os índices de criminalidade caírem”, afirma Rômulo.
De acordo com o Mapa da Violência do Ministério da Justiça, divulgado este ano, Minas Gerais foi o quinto estado do país em número de assassinatos, em 2010, com 3.538 execuções. Antes dele estão São Paulo (5.745), Bahia (5.288), Rio de Janeiro (4.193) e Paraná (3.588). Na comparação dos homicídios com o total de habitantes, Minas foi o 24º estado mais violento, com 18,1 mortes para cada grupo de cem mil moradores.
O Plano Integrado de Enfrentamento à Violência inclui sete obras para prevenção, repressão e investigação dos crimes em BH e no interior. Entre elas, a construção do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), ao custo de R$ 36 milhões. O espaço reunirá as forças de segurança e quer agilizar o acerto de decisões contra a criminalidade. A Perícia Criminal da Polícia Civil, a Central de Recepção de Flagrantes e três Centros de Prevenção à Criminalidade terão novas instalações.
A reestruturação chegará também ao interior. Em Montes Claros, por exemplo, a Delegacia Especializada em Homicídios será recriada, nove anos depois de extinta. O objetivo é concentrar a investigação dos crimes em um só local, facilitando a apuração. O maior município do Norte de Minas já registrou 41 homicídios este ano, e estima-se que 80% deles estejam ligados ao tráfico de drogas.
Apesar do anúncio plano como algo inédito, o especialista em segurança pública Robson Sávio Souza diz que muitas das medidas propostas são repaginações de estratégias antigas. Para ele, o sucesso do conjunto de ações dependerá da força política, do comprometimento e da integração entre as instituições públicas. “Se o que foi proposto sair do papel, poderá reduzir a criminalidade, mas se não existir esforço e colaboração para implementar o que foi decidido, não haverá efetividade das ações”.



Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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