Pequizeiros são atacados por praga no Norte de Minas

Persistindo o problema, em cinco anos toda a safra de pequi
da região pode ficar comprometida
(Por Girleno Alencar) Considerado símbolo do Norte de Minas e uma das principais fontes de renda de famílias da região, os pequizeiros estão ameaçados. A queda de vários pés de pequi tem assustado ambientalistas da região. Segundo esses profissionais, o ataque de pragas como percevejos e fungos se deve ao fato de as árvores serem consideradas “a carne do sertanejo”.
Na semana passada, o Núcleo Gestor do Pequi, formado por associações e cooperativas de produtores, se reuniu em Montes Claros para avaliar a situação. Para especialistas, o fenômeno tem sido considerado uma “morte anunciada”. Com o desmatamento do Cerrado, as árvores passaram a ser o foco dos predadores naturais.
Desde 2002, o pesquisador Paulo Sérgio Nascimento Lopes constatou a existência de uma praga atacando o fruto em Coração de Jesus. A mesma situação foi comprovada no município de Ibiracatu. Lá, os especialistas Sérgio Avelino Mota Nobre e Marcilio Fagundes, da Universidade Estadual de Montes Claros, ampliaram os estudos. Eles elaboraram uma perícia técnica para o Ministério Público.
Segundo pesquisador, a constatação é clara: a natureza está respondendo à degradação ambiental na região. O fato, antes discutido apenas nos meios acadêmicos, se tornou público após uma capacitação realizada pela Emater na comunidade rural de Camélia, a 40 quilômetros de Montes Claros.
O conselheiro José Ponciano Neto, membro do Conselho de Política Ambiental do Norte de Minas, percebeu alguns pequizeiros caídos e, ao conversar com moradores, foi lhe informado que esse problema estava sendo constante nos últimos quatro meses. Em seguida, ele pediu aos órgãos ambientais da região que investigassem a situação.
José Ponciano também fez algumas pesquisas. Em suas análises, ele observou que um besouro, conhecido como Serrado, estava destruindo as plantas. O agravante é que não estavam nascendo pequizeiros novos nos locais. O conselheiro teme que, persistindo o quadro, em cinco anos a safra de pequi esteja comprometida.
Na próxima reunião do Conselho de Política Ambiental do Norte de Minas, o pesquisador vai apresentar uma proposta similar à da Piracema. A ideia seria proibir a colheita do pequi durante um determinado período, para que se possa favorecer a germinação da planta.
O diretor da Associação de Proteção do Pequi, Guilherme Guimarães Oliveira, afirma que a morte dos pequizeiros comprova erros no modelo de expansão das fronteiras agrícolas do Norte de Minas. Ele alega que as licenças ambientais são concedidas para o desmate de espécies do Cerrado, desde que se preserve o Pequizeiro, que fica isolado e não consegue sobreviver com a monocultura. Oliveira reforça que um pequizeiro novo demora de oito a dez anos para dar frutos.

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