Policiais dizem que querem ver promessas na prática

Por conta própria. Em Mirabela, no Norte de Minas,
os moradores é que reformaram a delegacia
O Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol) disse ontem que as promessas do governo do Estado de investir na contratação e capacitação de policiais e na melhoria das estruturas das delegacias são muito bem-vindas desde que sejam, de fato, cumpridas. A categoria, segundo a entidade, já ouviu as mesmas promessas em situações anteriores e espera que as ações sejam colocadas em prática para que os policiais tenham melhores de condições de trabalho no combate à criminalidade.
As promessas de investimento fazem parte do Plano de Enfrentamento à Violência, anunciado anteontem pelo secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz. A previsão do Estado é investir, ainda neste ano, R$ 225 milhões em convênios com Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Belo Horizonte, segundo dados da própria Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) alcançou uma taxa de homicídios de 30,65 para cada grupo de 100 mil habitantes, apesar de o considerado tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ser, no máximo, dez.
A assessoria da secretaria informou ontem que dos R$ 225 milhões, R$ 47,8 milhões irão para a Polícia Civil. A corporação, de acordo com o órgão, também será beneficiada com outros recursos que vierem dos convênios com o BID e o BNDES ao longo dos próximos dois anos. Até 2014, a Seds pretende conseguir mais R$ 209 milhões para a segurança pública.
"Esse investimento do plano é pequeno. Mais do que isso, precisamos aumentar nosso efetivo, melhorar as condições de trabalho das delegacias, principalmente as do interior", disse Denilson Martins, presidente do Sindpol. Para ele, o pacotão anunciado pela Seds não especifica como o dinheiro será gasto. "Com o valor que eles anunciaram, seria possível apenas melhorar as condições em Belo Horizonte, por exemplo".
Conforme a secretaria, a Polícia Civil tem um orçamento de R$ 993,9 milhões previsto para este ano, valor 5% maior que o do ano passado. Atualmente, 10.056 policiais atuam em 813 delegacias do Estado. O efetivo considerado ideal pelo Sindpol é de 18 mil policiais. A Polícia Civil reconhece o déficit de servidores e afirma que o concurso para a contração de 205 escrivães e 144 delegados irá amenizar o problema.
ONG diz que crise é fruto de abandono
O presidente da ONG Defesa Social, Robert William de Carvalho, que defende interesses de trabalhadores da segurança pública em Minas, também considerou pequeno o investimento prometido no Plano de Enfrentamento à Violência. Apesar disso, ele aposta em mudanças na atenção dada pela Secretaria de Defesa Social (Seds) à corporação.
"É um princípio, mas não atende todas às necessidades imediatas da categoria, devido ao abandono acumulado dos últimos anos. Ficamos com a expectativa de que novos investimentos possam chegar". (RR)
ErroAções não consideram condições de trabalho
Para o professor da PUC Minas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Robson Sávio, o plano de ações do Estado é positivo, mas peca ao não focar, a curto prazo, as condições de trabalho da Polícia Civil. "É preciso uma integração na parte operacional, com condições de atuação das polícias. O governo ainda trabalha com a lógica que privilegia a prisão e a repressão no lugar da prevenção e da investigação".
A reportagem de O TEMPO mostrou, em abril, o sucateamento das unidades de polícia no Estado. Inquéritos se acumulam e em algumas falta até papel. O serviço de rabecão também é problemático. Com quatro carros para atender a região metropolitana, as demandas demoram até 10 horas para serem atendidas.

Militares. O presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros, Raimundo Nonato, foi procurado para falar sobre as propostas do governo, mas disse que não poderia fazer uma avaliação por não conhecer o plano.



Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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