Varzelândia na mira do Ministério Público para realização de grande projeto social que busca diminuir alta taxa de criminalidade



Por meio do projeto, mães tiveram o apoio necessário para aprender novo ofício e estão expondo suas mercadorias, até 9 de maio, em Montes Claros, para aumentar a renda de suas famílias.

Um grupo de mães artesãs do bairro Bom Jesus, de Varzelândia, no Norte de Minas, está tendo a oportunidade de aprender um novo ofício para auxiliar na renda familiar. Elas foram integradas ao Procedimento de Projeto Social (Props), capitaneado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Promotoria de Justiça de São João da Ponte. Batizado de Em nome do Bom Jesus, o projeto tem o objetivo de melhorar as condições de vida das pessoas que vivem no bairro na tentativa de reduzir a criminalidade identificada no local.

Com o apoio do Projeto do MPMG, as mães participaram de um curso profissionalizante em cestarias com fibras naturais, oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). A produção começou em dezembro de 2021 e, desde o dia 30 de abril, elas estão realizando a 1ª Exposição de Cestarias das mães do projeto Saber Viver de Varzelândia, que continua até o dia 9 de maio na Galeria Artes Gerais – Rua João XXIII, 481, em Montes Claros.

De acordo com a promotora de Justiça Tatiane Carvalho, que conduz o Procedimento de Projeto Social, a intenção do MPMG agora é incentivar que os produtos dessas mães artesãs se tornem mais conhecidos e sejam comercializados para mais pessoas, viabilizando a geração de renda para as suas famílias.

Além da geração de emprego e renda, o projeto social do MPMG conta com diversos parceiros e também irá atuar em outras frentes, como educação esportiva para crianças e adolescentes, melhorias da infraestrutura urbana do bairro, disponibilização de espaços de lazer e convivência, ações sobre prevenção ao super endividamento e educação para o consumo, entre outros.

Segundo Tatiane, a esperança é que o ambiente favorável à criminalidade seja suprimido à medida que sejam propiciadas melhorias para que as pessoas possam exercer a cidadania, ter efetivo acesso aos direitos fundamentais, ter emprego e renda, infraestrutura urbanística adequada.

Início
A ideia desse projeto social surgiu quando a promotora de Justiça Tatiane Carvalho identificou, por meio de números fornecidos pelas polícias Militar e Civil, que uma grande parcela da criminalidade da comarca de São João da Ponte era proveniente do bairro Bom Jesus, de Varzelândia. De acordo com a promotora de Justiça, os habitantes de município representam cerca de 30% da população da comarca, que também é formada por Ibiracatu, Lontra e São João da Ponte. Porém, mais de 50% dos crimes graves, como homicídios, tráfico de drogas e roubos, ocorriam no município. Ela também esclarece que em 80% dos crimes de Varzelândia existe uma correlação com pessoas do bairro Bom Jesus.

Tatiane conta que, depois de uma operação que tirou das ruas onze pessoas da cidade envolvidas com tráfico de drogas e crimes patrimoniais, a criminalidade no município apresentou uma queda de 80%. No entanto, segundo ela, a observação prática mostra que, se nada for feito na comunidade, as taxas de criminalidade voltam a subir. Foi nesse contexto que o projeto Social “Em nome do Bom Jesus” foi criado.

Esporte
Uma das primeiras atividades foi o incentivo à atividade esportiva com crianças e adolescentes da comunidade integrando-os ao projeto Saber Viver, que já existia e foi retomado durante a pandemia. A promotora de Justiça relata que foi possível notar uma diferença de comportamento em pouco tempo. “Quando esses jovens chegaram, eram arredios, agressivos, desrespeitosos uns com os outros, falavam palavrões e demonstravam admiração pelos traficantes e criminosos da região. Depois de alguns meses, percebemos uma melhoria na disciplina, no respeito. Até o semblante deles mudou”, diz. Ela comenta ainda que as crianças e adolescentes do projeto passaram a demonstrar admiração pelos policiais militares envolvidos no projeto e não mais pelos criminosos. “Depois disso, não atendi mais nenhum adolescente infrator oriundo do bairro Bom Jesus”, afirma.

Atualmente, são cerca de 80 meninos atendidos pelo projeto Saber Viver. Porém, conforme Tatiane explica, “não adianta ter uma atividade focada nos jovens e não cuidar também das famílias”. Foi aí que se identificou a necessidade de atuar em várias áreas para alcançar resultados em diversos aspectos dentro da comunidade. “Como as mães desses jovens só contavam com auxílio de programas sociais, vimos que uma capacitação que proporcionasse renda, seria uma forma também de melhorar as condições de vida e o ambiente do bairro”, declara a promotora de Justiça.

O projeto social Em nome do Bom Jesus é realizado pelo MPMG em parceria com a Polícia Militar, a Secretaria Municipal de Assistência Social, a Secretaria Municipal de Educação, a Secretaria Municipal de Saúde, a Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Conselho Tutelar, a Polícia Civil, escolas estaduais e municipais que atendam os estudantes residentes no bairro Bom Jesus, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e GRAS de Varzelândia.

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