Acervo do janaubense, o fotojornalista Orlando Brito chega ao Instituto Moreira Salles - Resenhando


O acervo é composto por cerca de 400 mil imagens do fotojornalista, (1950-2022), consagrado pelos registros da história política brasileira, além de documentos, equipamentos fotográficos e publicações. Na imagem, um soldado monta guarda no Congresso depois do AI-5. Brasília,1968. Coleção Orlando Brito / Acervo IMS

Com suas lentes, o fotojornalista Orlando Brito (1950-2022) captou, como poucos, os bastidores do poder em Brasília. Em suas imagens, registrou de perto a rotina dos governantes, do período da ditadura militar até a Nova República. Em seis décadas de produção ininterrupta, documentou ainda o universo da cultura e do esporte no Brasil e viajou para mais de 60 países para coberturas jornalísticas.

Reunido ao longo de sua ampla trajetória, o acervo fotográfico de Brito acaba de chegar ao Instituto Moreira Salles. O conjunto é composto por mais de 400 mil fotografias, distribuídas em diferentes suportes, além de equipamentos fotográficos, documentação pessoal e profissional, premiações e publicações.

Brito nasceu em 1950 em Janaúba, Minas Gerais. Em 1957, mudou-se com sua família para Brasília, onde, aos 14 anos, começou a trabalhar no laboratório fotográfico do jornal Última Hora. Em 1968, transferiu-se para O Globo, onde consolidou sua trajetória no fotojornalismo. Trabalhou ainda na revista Veja, no Jornal do Brasil e na revista Caras. Em 1999, fundou sua própria agência de notícias, a ObritoNews, sediada em Brasília, que manteve ativa até seu falecimento. Ganhou o prêmio World Press Photo em 1979 e recebeu ainda 11 prêmios Abril. Ao longo de sua carreira, também publicou diversos livros, entre eles, Senhoras e senhores (1992) e Poder, glória e solidão (2002).

Em seu trabalho cotidiano, acompanhou a rotina de inúmeros presidentes, de Castello Branco a Jair Bolsonaro, sempre em busca dos bastidores do poder e driblando o cerceamento à liberdade de expressão. Entre as imagens emblemáticas que produziu, estão a do fechamento do Congresso Nacional, em 1977, o registro de João Figueiredo, Delfim Netto, Newton Cruz e Golbery do Couto e Silva se preparando para uma reunião, além do famoso retrato de Ulysses Guimarães na rampa do Congresso, feito, por coincidência, dias antes do falecimento do político, em 1992.

O fotógrafo também documentou edições da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Clicou ainda manifestações, incluindo o palanque das Diretas Já, além de festas populares e religiosas. Também viajou diversas vezes ao Território Indígena do Xingu, onde registrou a cerimônia do Quarup.

Com a chegada ao IMS, as imagens do fotógrafo serão preservadas, digitalizadas e divulgadas. Seu acervo também se soma ao de outros fotojornalistas essenciais para a história do país, cujas obras estão sob a guarda do IMS, como José Medeiros, Evandro Teixeira e Januário Garcia.

O trabalho de Brito pode ser visto ainda no site Testemunha Ocular, dedicado ao fotojornalismo, lançado pelo IMS em 2022. Durante a idealização do site, Brito inclusive colaborou com o projeto, indicando diversos nomes do fotojornalismo brasileiro que passaram a integrar a plataforma.

Sobre o acervo de fotografia do IMS
O Instituto Moreira Salles possui uma coleção de cerca 2,5 milhões de fotografias, que inclui desde importantes testemunhos do século XIX, como as imagens de Marc Ferrez, até obras que abarcam quase todo o século XX, de nomes como Marcel Gautherot, José Medeiros, Maureen Bisilliat, Thomaz Farkas, Walter Firmo, Evandro Teixeira e Januário Garcia, entre outros. Em 2016, foi adquirida a coleção dos jornais do grupo Diários Associados no Rio de Janeiro, com cerca de 1 milhão de itens. Este amplo conjunto de coleções e obras completas dos artistas credencia o IMS como a mais importante instituição de fotografia do país.

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