O nome de Janaúba, no Norte de Minas Gerais, foi citado em meio a uma polêmica envolvendo o secretário de Obras de Juvenília, Florêncio Mendes de Araújo, conhecido como Neto da Caçamba, acusado de utilizar maquinário público fora dos limites do município, no estado da Bahia. O caso gerou denúncias de improbidade administrativa e revolta entre os moradores da cidade mineira.
Segundo relatos de moradores, Neto estaria usando uma retroescavadeira da Prefeitura de Juvenília para encher caçambas de areia em um areal localizado em Feira da Mata (BA). Além da retirada do material, ele também teria realizado serviços de manutenção em trechos de estrada que ligam a ponte sobre o Rio Carinhanha ao trevo da BR-030 — área que não pertence à jurisdição da prefeitura.
A polêmica se intensificou com a declaração do próprio secretário, que gravou um vídeo admitindo o uso da máquina na Bahia. Em entrevista ao Portal Folha do Vale, Neto alegou que a ação teve como objetivo ajudar famílias carentes que não podem pagar pela areia. “Retiramos areia há mais de 13 anos naquele local. Quem pega areia na Bahia é o pessoal de Montalvânia, Manga e até Janaúba”, afirmou, em um trecho que repercutiu amplamente.
A citação de Janaúba levanta questionamentos sobre a amplitude da distribuição irregular da areia retirada com maquinário público, levantando dúvidas sobre como o material tem chegado a outros municípios.
Enquanto isso, moradores de Juvenília reclamam do estado precário das estradas locais, como a que liga a sede do município ao distrito de Porto Agrário, alegando abandono. “Ele enfeita boneca para os visitantes, mas a gente sofre sem estrada para trafegar”, desabafou um morador.
A Prefeitura de Feira da Mata declarou que não tem competência legal para autorizar a retirada de areia no local, tarefa que cabe exclusivamente ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). Neto, ao ser questionado sobre a existência de licenças ambientais para a exploração, não soube responder.
Especialistas ouvidos ressaltam que nenhum prefeito pode realizar obras em outro estado sem a formalização de convênios intermunicipais ou interestaduais. Ainda assim, não há informações sobre qualquer tipo de acordo legal entre os municípios envolvidos.
A situação segue gerando indignação popular e pode acarretar em ações do Ministério Público, que já foi acionado por lideranças locais para investigar o uso indevido de bens públicos fora da jurisdição de Juvenília. O caso também reacende o debate sobre os limites legais e éticos do uso do patrimônio público e a necessidade de fiscalização rigorosa em municípios de fronteira interestadual.
Informações Portal Folha do Vale
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