Janaúba carrega o título de ter a maior Usina de Energia Solar do Mundo; Sol do sertão


(Por Manoel Freitas) A palavra-chave é otimismo. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Minas Gerais, com mais de dois gigawatts (GW) em operação, lidera, de forma absoluta, a geração de energia fotovoltaica no país, e maior parte da produção está no Norte do Estado.

Como o Brasil é o primeiro da América Latina, a aposta, diante da alta incidência de radiação solar, é que o sertão mineiro seja transformado na Arábia Saudita das energias renováveis a médio prazo. É a previsão também da Associação Brasileira de Geração Distribuída (Abgd).

Mais ainda: tanto a Abgd como a Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams) apostam que os sistemas de energia fotovoltaica para Geração Distribuída instalados no Norte de Minas são suficientes para criação de renda e de 25 mil empregos verdes. Muitos dos quais, diga-se de passagem, beneficiando pequenos e médios produtores que, historicamente castigados pela seca, assistiam à desvalorização de suas terras em função de extensas áreas improdutivas.

MAIOR
A força da energia que vem do sol é medida, em Minas Gerais, especialmente no sertão do Estado, pela quantidade total de sistemas de energia fotovoltaica para Geração Distribuída instalados: quase 150 mil unidades. E, a despeito de Pirapora apresentar a maior área somada de energia fotovoltaica, é em Janaúba que está em operação o empreendimento considerado o maior do mundo, com geração de mais de 600 empregos diretos e investimentos de R$ 3 bilhões.

A empresa espanhola Solatio, com a Brookfield Energia Renovável, trabalham em Janaúba na construção do maior parque de energia solar das Américas para abastecer mais de 1,2 milhão de famílias.

Através de seus canais de comunicação na internet, a Solatio, com mais de 20 anos de experiência no setor, revela que a energia contratada (Ambiente de Contratação Regulada) em Pirapora é de 406 MWp (Mega watt-hora); 122 MWp em Francisco Sá e 10 MWp em Januária. Segundo o seu site oficial, já em relação à Energia Contratada (Ambiente de Contratação Livre-Mercado Livre), no Norte de Minas a liderança é de Janaúba, com 1300 MWp.

E não para por aí: a Vale, segunda maior empresa brasileira, com R$ 381 bilhões, está implantando em Jaíba, município com 39.850 habitantes, o Projeto Sol do Cerrado, na verdade um dos maiores parques de energia solar da América Latina, com potência instalada de 766 Megawatts, suficientes ao consumo de uma cidade de 800 mil habitantes.

Como se não bastasse, em julho desse ano, quando operar em plena capacidade, representará 16% de toda a energia consumida pela Vale no Brasil. Os investimentos do Sol do Cerrado somam R$ 3 bilhões (US$ 590 milhões) e ajudarão a Vale a atingir suas metas climáticas de reduzir emissões líquidas de carbono em 33% até 2030 e zerá-las até 2050.

Pirapora tem 1,4 milhão de painéis solares
Acerca da importância da energia fotovoltaica gerada em Pirapora, município com população de 56.845 pessoas, tanto durante as obras e, igualmente, na operação dos empreendimentos, O NORTE conversou na quinta-feira (2) com Hélio Júnior, secretário de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda, para quem “Pirapora é hoje um dos maiores geradores de energia solar fotovoltaica da América Latina”.

No que se refere a geração de emprego e renda, revelou que na fase inicial das obras foram feitas 819 contratações temporárias diretas e indiretas. Nesta fase, “foram instalados mais de 594 mil painéis fotovoltaicos, com capacidade de geração suficiente para abastecer cerca de 200 mil domicílios, em 500 hectares de área ocupada”.

Atualmente, segundo Hélio Júnior, “as usinas consolidam a grandiosidade do complexo solar piraporense, com mais de 1,4 milhão de painéis solares de energia 100% limpa e renovável”. Disse ainda que, de acordo com dados do Sistema Nacional de Emprego de Pirapora (Sine), “nos anos de 2021 e 2022 foram feitas 2.360 novas contratações para o setor fotovoltaico”.

Energia precisa chegar ao sertanejo
Para falar sobre o boom da aceleração da energia fotovoltaica na região, no domingo (26), O NORTE ouviu Walter Moreira Abreu, ex-coordenador regional do Instituto de Desenvolvimento do Norte de Minas Gerais (Idene), diretor da Cerenor Energia Renovável Ltda, ex-superintendente de Desenvolvimento Econômico da Amams, atual diretor em Minas Gerais da Associação Brasileira de Geração Distribuída. Mais ainda, Walter é sócio da empresa Ser-Tão Solar, “de democratização da participação de todos no negócio energia”.

Aos seus olhos, consumir energia limpa, renovável e sustentável é direito de todos, “daí defendermos o consumo de energia própria, do vizinho, da sua cidade ou da sua região, fazendo com que a riqueza circule localmente”. Lembra que na Área Mineira da Sudene, que prefere chamar de “sertãozão”, “ainda temos 700 mil pessoas extremamente pobres, então o sol que sempre as castigou, pode com a tecnologia fotovoltaica passar a ser a grande solução”.

Para o diretor em Minas Gerais da Associação Brasileira de Geração Distribuída, “é correto dizer que, em produção de energia fotovoltaica, o Brasil é o primeiro país da América Latina, Minas Gerais é o primeiro Estado, e a maior parte está no Norte de Minas Gerais”. Mais ainda, advoga que “a área mineira da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) tem tudo para ser a Arábia Saudita das energias renováveis”

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