Vice fica no cargo por ordem judicial em Coração de Jesus

Prefeito de Coração de Jesus, Antônio Cordeiro foi afastado do cargo e obrigado a usar tornozeleira eletrônica

O município de Coração de Jesus, no Norte de Minas, onde o prefeito Antônio Cordeiro de Faria (PSDC), o Toninho Cordeiro, foi afastado do cargo por corrupção em agosto e obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica, vive nova turbulência. Na segunda-feira, a Câmara Municipal decidiu afastar o vice-prefeito Pulquério da Conceição Rabelo, o Doutor Pulu (DEM), que estava no cargo interinamente, e empossou o vereador José Valder Cardoso (PMN), o Dé da Oficina. 
O vice, entretanto, se recusou a sair alegando que a decisão é uma manobra do grupo comandado pelo prefeito, que, mesmo afastado, está em campanha pela reeleição. O impasse continuou até a tarde dessa terça-feira, quando o vice obteve liminar judicial confirmando sua permanência no cargo.
Em agosto, o Tribunal Federal da Primeira Região, de Brasília, afastou o prefeito Antônio Cordeiro de Faria, que passou a usar a tornozeleira. O equipamento foi colocado pela Polícia Federal para impedir que ele se aproxime do prédio da prefeitura e interfira nas investigações sobre fraudes em licitações de obras públicas no município.
Além de Toninho Cordeiro, o dispositivo de monitoramento passou a ser usado pelo ex-secretário de Saúde e candidato a vice, Ângelo Pedro Neto (PSB), que também era contador da prefeitura, e pelo ex-secretário de Transportes João Kennedy Versiane. Os três foram acusados de coagir testemunhas nas investigações da Polícia Federal sobre as fraudes descobertas pela Operação Máscaras da Sanidade, feita pela PF e pelo Ministério Público estadual, em junho. 
Dos nove vereadores de Coração de Jesus, sete apoiam Toninho Cordeiro. Na segunda-feira, pelo placar de nove a dois, eles decidiram afastar Doutor Pulu, baseando-se em denúncia apresentada por uma ex-secretária da prefeitura, de que ele havia sido empossado sem autorização da Câmara.
Segundo relato do vereador oposicionista José Pereira Neto, o Jucão, parlamentares que apoiam Cordeiro fizeram outra manobra. De acordo com ele, quem deveria assumir o Executivo no lugar de Doutor Pulu era o presidente da Câmara, João Batista Fonseca Maia, o João Caititu (PSDB). Na segunda-feira, entretanto, Maia alegou problema de saúde. O vereador Dé da Oficina, então, eleito para o cargo de vice-presidente da Câmara na manhã do mesmo dia, acabou assumindo a presidência do Legislativo e a prefeitura.
“O que fizeram foi uma aberração”, acusou Jucão, alegando que a manobra foi uma estratégia de correligionários de Cordeiro “para desviar a atenção do episódio do uso da tornozeleira”. Mas, ontem de manhã, houve tumulto na prefeitura. 
O vice-prefeito Pulquério Rabelo se recusou a deixar a prefeitura, alegando que não tinha fundamento o argumento dos vereadores de que ele precisaria de autorização da Câmara para ocupar o cargo de prefeito. “O que ocorreu foi apenas o afastamento do titular por tempo indeterminado. Nesse caso, não preciso de autorização da Câmara, pois, pela Lei Orgânica do Município, o vice-prefeito deve assumir a prefeitura imediatamente quando houver algum impedimento do prefeito”, disse.
Com a recusa de Pulu, ele e o vereador Dé travaram uma disputa para decidir quem assumiria a prefeitura. Os dois, inclusive, chegaram a ocupar o gabinete do prefeito ao mesmo tempo. O impasse só foi resolvido às 15h, quando Pulu conseguiu a liminar expedida pelo juiz substituto Francisco Lacerda de Figueiredo, confirmando a permanência dele na chefia do Executivo.

Por Luiz Ribeiro do Jornal Estado de Minas

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