Rede de Urgência do Norte de Minas é referência para o Paraná

Gestores da saúde do Paraná voltam a visitar o Norte de Minas para buscar experiência no atendimento em rede às urgências e emergências. Na manhã desta terça-feira, 10/01, o consórcio intermunicipal de saúde gestor do Samu Macro Norte, o Cisrun, recebeu uma comitiva da região metropolitana de Curitiba, que veio especialmente entender a lógica da organização do serviço na região.

Segundo Eliana Macedo de Oliveira Muniz, diretora geral do Consórcio Metropolitano de Saúde do Paraná (Comesp), Curitiba está se preparando para regionalizar o Samu e integrar os demais serviços de saúde de forma que o atendimento se dê sob um comando único. “A região metropolitana de Curitiba integra 29 municípios, incluindo a capital, com um contingente populacional de cerca de 3 milhões de habitantes. A proposta da Diretoria Estadual de Urgência e Emergência é integrar o atendimento nos municípios, onde já existe o serviço do Samu, e o consórcio veio como alternativa para gerir o serviço. O Comesp será o primeiro consórcio do estado a operar em rede, incluindo o Samu”, explica.

A diretora ressalta que a maior dificuldade, neste primeiro momento, é definir o desenho da rede, já que a regulação do atendimento é de responsabilidade da secretaria de Saúde de Curitiba, que é o município-pólo. “Com a experiência do Norte de Minas, cujo gerenciamento técnico é de responsabilidade do Cisrun, vimos que será difícil para nosso consórcio manter o fluxo do atendimento sem o controle da regulação. Vamos negociar com o governo do Paraná para redefinirmos essa lógica. O Norte de Minas está anos-luz à frente e temos que nos inspirar nessa experiência exitosa para que nosso projeto também dê certo”, avalia.

Segundo Eliana Macedo, o Comesp tem previsto um orçamento anual de R$120 milhões, com repasse fundo a fundo através de contrato com os municípios, e a contribuição per capita prevista é de R$1,00. “Nossa expectativa é que o consórcio já comece a operar efetivamente ainda neste semestre”, planeja.

Na reunião desta terça-feira, os técnicos do Cisrun e do Samu Macro Norte esclareceram as dúvidas dos visitantes e explicaram como Rede foi organizada, como o consórcio público foi constituído, o papel do Comitê Gestor, órgão consultivo e observador da Rede, a participação do governo do Estado na viabilização do serviço e a lógica do gerenciamento da Rede, que atrela economia de recursos à promoção de saúde de qualidade aos usuários do SUS.

Além dos resultados alcançados em relação ao atendimento, principalmente pela redução de óbitos por causas evitáveis, o que chama a atenção dos visitantes é participação dos entes federados no custeio do serviço. “No Paraná, o custeio do Samu segue a lógica da portaria ministerial, cuja participação maior é da União. Muito me impressiona a participação do governo do Estado no Norte de Minas, que custeia 60% do serviço”, observa Eliana Macedo.

A Rede de Urgência e Emergência do Norte de Minas integra 86 municípios com população de cerca 1,6 milhão de habitantes e é custeada em 60% pelo governo do Estado, 30% pela União e 10% pelos municípios que contribuem com R$0,13 per capita.

O prefeito de Pirapora e presidente do Cisrun, Warmillon Fonseca Braga, diz que o olhar diferenciado que o Estado tem para com a região é que encurta caminhos e garante resultados mais efetivos. “A saúde é o grande desafio da gestão pública e a parceria solidária do Estado, o investimento da União e o envolvimento dos gestores municipais no processo possibilitaram que a Rede de Urgência se tornasse uma experiência exitosa e que agora vem sendo modelo para outras regiões do país. O Estado escolheu o Norte de Minas para iniciar tão importante projeto e temos o compromisso de compartilhar essa experiência, o que para nós, norte-mineiros, é motivo de orgulho e também de grande responsabilidade”, ressalta.

O coordenador médico do Samu, Enius Freire Versiani explicou aos visitantes os desafios iniciais para implantação da Rede e como cada obstáculo foi sendo vencido à medida que os pontos foram se conectando. “Estamos numa região de grande vulnerabilidade social, longas distâncias entre os municípios e baixa densidade demográfica e é preciso manter a equipe técnica atenta para que cada município receba atenção de acordo com sua necessidade, observando suas especificidades”, explica. Enius destaca que o processo priorizou a qualificação profissional e a integração dos municípios. “Somando com o apoio do Estado, chegamos a esse resultado”, conclui.

Além de Eliana, também participam da visita o assessor contábil do Comesp, Robinson Joel Pereira Santos, a coordenadora administrativa, Renata Franco Claudino Ariati e o assessor jurídico, Guilherme Cymbalista Gonçalves. Os visitantes permanecem em Montes Claros até quarta-feira, quando visitarão o Complexo Regulador Macrorregional para conhecer, in loco, a operacionalização do serviço e as instalações da central de regulação de urgência e assistência.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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