Queijo artesanal de Porteirinha recebe Selo Arte do IMA

O casal Regino Rodrigues da Silva e
a Rubnei Santos Gomes ganhadores do Selo Arte


Autorização para comercializar em todo o território nacional. É o que o Selo Arte, concedido pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), permitirá à Rubi Queijaria, no município de Porteirinha, no Norte de Minas. A legalização para produzir Queijo Minas Artesanal exigiu paciência e dedicação do casal Regino Rodrigues da Silva e Rubnei Santos Gomes.

A certificação habilita a Queijaria Rubi a vender o produto em todo o território nacional. O casal é atendido pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG Leite do Sistema FAEMG/SENAR/INAES. “Agradeço a todos os parceiros. O Senar abriu as portas para o aprendizado, por meio de capacitação, fiz curso de boas práticas, tem o atendimento do ATeG, que trouxe um bom retorno pra gente”, comemora a produtora que diz ter reaprendido a fazer queijos.

RECONHECIMENTO
A conquista do selo marca uma nova fase em Porteirinha e pode representar uma mudança no padrão de fabricação de queijos em toda a região, sete anos depois de o Ministério Público notificar pontos de produção de laticínios por descumprimento de normas de higiene. “O Sistema FAEMG/SENAR/INAES vem promovendo desde aquela época, cursos, capacitações e treinamentos, não apenas na prática de agroindústria, de boas práticas de fabricação, mas também em toda a cadeia produtiva do leite (da bovinocultura em si, do vaqueiro, da inseminação artificial, alimentação, manejo sanitário), e mais recentemente dois grupos com Assistência Técnica e Gerencial, mudando o enfoque do produtor rural, tornando-o um empresário rural. A gente vê com grande satisfação esse trabalho sendo reconhecido ”, enfatiza Dirceu Martins, Gerente Regional em Montes Claros, ao citar também as parcerias com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha, Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Porteirinha (Aciport), Sebrae, Emater, IMA, Unimontes e UFMG que se uniram para formalizar todo o trabalho das queijarias locais. Também foi criada a Associação dos Produtores de Queijo Artesanal da Serra Geral com a participação de 16 municípios. “Faz sete anos que fomos notificados em Porteirinha, e tem seis anos de envolvimento com todos os parceiros que abraçaram essa causa. Se não fosse o Senar e os parceiros, que nos ajudaram muito, a realidade seria outra, e hoje temos uma produtora em Porteirinha sendo reconhecida e representando a Serra Geral”, se alegra Nilton César de Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha.

DEDICAÇÃO
Rubnei conta que não sabia fazer queijos. O primeiro professor foi o marido, o produtor Regino Rodrigues, que há 4 anos a ensinou a fazer o tipo frescal. “Esse outro queijo foi a partir da busca de informação e vendo a possibilidade de fazer algo diferenciado, com uma legislação já existente, que a gente se encaixava, bastava buscar conhecimento e técnicas de como produzir”, esclarece a hoje queijeira de mão cheia, que foi até a região da Serra da Canastra para aprender a produzir um queijo diferenciado na Serra Geral no norte de Minas.

Toda a produção da família é artesanal. O marido e o filho trabalham na ordenha e ela põe a mão na massa. Depois de prontos, os queijos ficam 22 dias nas prateleiras, antes de serem comercializados. Por fora, o queijo tem a casca mais seca, mas é macio por dentro, resultado do processo de maturação, também conhecido por casca lavada, porque é lavado todos os dias, e é o que também dá o sabor especial e a coloração mais amarelada ao produto.

Rubinei faz questão de explicar o que torna o queijo da Serra Geral de Porteirinha especial. Segundo ela, um dos fatores é o próprio “terroir” do Norte de Minas que não é o mesmo das regiões com fatores climáticos a seu favor e que já possuem certificação estadual. “O nosso queijo tem um sabor único, é totalmente diferente. Não temos baixa umidade, o nosso clima é seco, a nossa pastagem e a alimentação do gado são diferentes. É o nosso “terroir” que torna o produto diferente. Nossa região não tem a cultura de produzir esse queijo, então, não vejo como resgate de cultura, mas, de aprendizado mesmo, juntar o que tínhamos a nosso favor, adequar o que não tínhamos e daí surgiu esse queijo de sabor único”, esclarece Rubnei.

CAPACITAÇÃO
Toda a equipe do Sistema FAEMG/SENAR/INAES envolvida no projeto também se enche de orgulho e destaca o envolvimento e a perseverança da família.

O zootecnista Rodrigo Fonseca de Azevedo, do ATeG, explica que a assistência foi bastante focada na qualidade do leite, requisito essencial para produção desse tipo de queijo. “Fico muito feliz por eles, pois pude vivenciar o quanto foram focados e dedicados nesse processo. Mesmo passando por algumas dificuldades, em nenhum momento pensaram em desistir. Considero que essa vitória seja uma motivação para outras queijarias da região”, afirma Azevedo.

A tecnóloga Luciana Godinho, instrutora de derivados do leite do Sistema FAEMG/SENAR/INAES, ministrou o curso de trabalhador artesanal na produção de laticínios e afins/básico. A professora esclarece que o curso é destinado a produtos com leite pasteurizado, mas, também ressaltou e ensinou todas as etapas da fabricação do QMA – Queijo Minas Artesanal –, elaborado com leite cru. Para isso, qualidade e procedência são fundamentais, com práticas rigorosas de higiene em vacas sadias, livres de doenças e a qualidade do pingo, o chamado soro fermento, que pinga durante a noite e é coletado no outro dia para ser adicionado ao leite, são essenciais para obtenção de um produto de qualidade. “Ela sempre foi uma aluna muito aplicada e preocupada em oferecer um produto de qualidade, diferenciado e com identidade e mesmo depois do curso mantivemos contato, e eu que sempre fui uma entusiasta do QMA na região, ela sendo a primeira fiquei muito satisfeita”, comemora Luciana Godinho. “As capacitações são fundamentais nesses processos de legalização. O Senar tem capacitado, vários produtores de queijos na região. A nossa cadeia leiteira tem melhorado e tem sido uma fonte de renda para muitos produtores”, destaca a mobilizadora Ednalva Rosa dos Santos.

ENCOMENDAS
Atualmente são produzidos 17 quilos de queijo por dia. Mas a meta do projeto é chegar a 20 quilos. Antes, toda a produção era vendida no comércio local. E a família já tem encomendas de várias partes do Brasil. “Já estamos com alguns contatos dentro e fora do estado; supermercados e grandes padarias que estavam aguardando o registro para colocar nosso produto nas prateleiras”, diz Rubnei. “É um grande ganho para a Serra Geral, mas também para todo o Norte de Minas, mostrando a qualidade do nosso produto. Quando o produtor rural faz tudo dentro da técnica, com conhecimento e informações, ele pode sim obter muito sucesso na venda e comercialização dos seus produtos”, conclui Dirceu Martins.

Por Ana Medeiros

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