Mais de 2 toneladas de maconha são apreendidas após grave acidente na BR-251, em Fruta de Leite

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Uma ocorrência que inicialmente parecia apenas um grave acidente de trânsito terminou em uma das maiores apreensões de drogas do Norte de Minas Gerais. Mais de duas toneladas de maconha foram encontradas na carreta que se envolveu em uma colisão na BR-251, em Fruta de Leite, próximo a Salinas, no último sábado (18). De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), após o encerramento da perícia e a retirada da carga, foram contabilizados 2.433 quilos de maconha. A informação foi confirmada oficialmente pelo órgão neste domingo (19). Acidente revelou o carregamento ilegal O acidente ocorreu no km 333 da BR-251 e envolveu duas carretas: uma que transportava frango congelado — e onde a droga estava escondida — e outra carregada com uvas. Segundo a PRF, o impacto frontal foi tão forte que rompeu o compartimento de carga da carreta que levava o entorpecente, espalhando caixas de frango e fardos de maconha por toda a pista. “No primeiro momento, parecia apenas um acidente grave com carga al...

Sufocadas pela dor e pobreza, famílias das vítimas do massacre em Janaúba tentam reconstruir a vida

Cássia de Jesus, que perdeu o caçula, cria sozinha Matheu (E), de 7,
João Paulo, de 9, além da mais velha, de 13: muitas contas para pouco dinheiro
(foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press)

(Por Luiz Ribeiro) Amanhã, quando o Sol ardente abrir seus olhos sobre Janaúba, ainda coberta de luto pela morte de nove crianças, pela professora que não vai voltar para a escola, pelo ato inexplicável do vigia que tocou fogo na creche lotada, encontrará na cidade do Norte de Minas dezenas de famílias com a difícil tarefa de recomeçar. Umas sem seus pequenos, outras com a preocupação dos que ainda lutam pela vida em um hospital, todas elas com o desafio de iniciar a semana tentando retomar a rotina ao mesmo tempo em que lidam com a dor da ausência, somada à dura realidade de um município castigado pela seca, pela pobreza, pela violência, pela falta de infraestrutura e de emprego.

Mesmo com toda a dificuldade, resta às famílias das vítimas do incêndio provocado pelo vigia Damião Soares dos Santos, em 5 de outubro, na Creche Gente Inocente, a missão de reconstruir a vida depois da tragédia que despertou reação até do papa Francisco. Mas, para elas, o “começar de novo”, cantado na letra de Ivan Lins, e provar que valerá a pena ter amanhecido, como diz a canção, não significa apenas superar a dor e o luto do momento. A maioria dos pais das pequenas vítimas do massacre vivem em extrema pobreza e sofrem com o desemprego e a pior seca da história na região. Moradores dos bairros Rio Novo e Barbosa, áreas carentes de Janaúba, vivem em um lugar onde não há rede de esgoto e a quase totalidade das ruas sem asfalto tem pontos de acúmulo de lixo.


Durante quatro dias, a reportagem do Estado de Minas conviveu de perto com famílias que tiveram filhos mortos ou feridos na tragédia. Descobriu que, nas condições adversas, a dor do massacre é multiplicada. Se “valeu a pena ter sobrevivido”, mesmo aquelas mães que agradecem a Deus pela salvação dos que escaparam do massacre passaram a sofrer ainda mais depois da tragédia. Há casos de mulheres que tiveram que largar o serviço, já que, sem a creche, interditada, não têm onde deixar os pequenos. Outras, traumatizadas, têm medo de confiar a segurança dos filhos a outra instituição.

Cássia Medeiros de Jesus, de 32 anos, é uma das faces dessa soma de dificuldades. “Não estou conseguindo dormir. A casa ficou muito ruim sem a minha Lindinha”, diz a mãe de Yasmin Medeiros Salvino, de 4 anos, uma das vítimas do ataque à creche, que morreu na Santa Casa de Montes Claros no dia seguinte ao incêndio. Sofrimento já não é novidade na vida dela, mas a angústia aumentou mais ainda com a perda da caçula – irmã de Thais, de 13, João Paulo, de 9, e Mateus, de 7.

As crianças são filhas de pais diferentes, mas a mãe as cria sozinha. Mora com as três em barracão cedido pela mãe dela, de quatro cômodos, em um beco sem asfalto do Bairro Rio Novo. É lá, debaixo do calor potencializado pelo telhado de amianto sem forro, que Cássia busca se conformar com inesperada partida da sua Lindinha, como chama a caçula, e ainda sem saber o que será do futuro, diante de tanta dificuldade.

Desempregada há dois anos, Cássia aponta um calhamaço de contas de luz e água que se acumulam há meses, somando cerca de R$ 400 em uma dívida que ela nem sonha como vai pagar. “Não sei nem porque não cortaram a luz e a água ainda”, disse, salientando que também deve a duas farmácias um total de R$ 370, dinheiro referente a remédios comprados para tratar das infecções de garganta da pequena.

Além da dor de mãe, ela sabe que a morte trágica da filha vai pesar em sua vida também do ponto de vista financeiro. “Eu recebia R$ 360 de pensão da Yasmin”, conta ela – apesar de acrescentar que o pai da menina, que vive em Pedro Leopoldo com outra família, até a semana passada não tinha enviado o dinheiro referente a setembro.

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