Corrupção toma conta das prefeituras do Norte de Minas

O promotor Franklin Pereira diz que a corrupção está incrustada
(Por Guilherme Reis) Em dois anos, a Polícia Federal e o Ministério Público Estadual realizaram cerca de dez operações de combate à corrupção no Norte de Minas. A sangria nos cofres públicos das cidades da região pode chegar a R$ 160 milhões. Os promotores que participaram de algumas das operações acreditam que os convênios firmados com os governos federal e estadual, a cultura da região e a pobreza contribuem para o alto índice de irregularidades. 
As investigações demonstram que a corrupção na região é generalizada. A operação Máscara da Sanidade, por exemplo, conseguiu desarticular uma quadrilha que fraudava licitações em mais de 50 municípios do Norte do Estado, o que resultou em desvios de R$ 100 milhões.  
A operação Sertão Veredas, deflagrada no mês passado, apontou desvios de R$ 5 milhões das prefeituras de Itacarambi e Januária. A quadrilha envolvida também fraudava os certames de contratação. Januária sofre, de forma crônica, com gestores desonestos. A cidade teve oito prefeitos em nove anos. Sete deles foram afastados por improbidade administrativa.  
Em Montes Claros, a gestão do ex-prefeito Luiz Tadeu Leite (PMDB), de 2009 a 2012, foi marcada por escândalos. A prefeitura da cidade foi acusada, pela operação Laranja com Pequi, de participar de um esquema que superfaturava a merenda escolar. Os desvios, segundo as investigações, chegaram a R$ 19 milhões. Ainda no fim do ano passado, uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) apurou que R$ 360 milhões foram desviados de obras e reformas de escolas municipais na cidade entre 2009 e 2012. Essa cifra não está inclusa nos números da PF.  
O promotor de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Montes Claros, Paulo Vinícius de Magalhães, acredita que, por ser uma região pobre, o Norte de Minas recebe muitos recursos de convênios com os governos federal e estadual. “Os convênios motivam a corrupção. O dinheiro chega, e o gestor o desvia. A fiscalização também é frágil.”  
O promotor de Defesa do Patrimônio Público de Januária, Franklin Pereira, afirma que a pobreza facilita a compra de votos. “Favores simples compram os votos de pessoas pobres. Por isso, há essa equivalência entre a corrupção e a pobreza. É uma relação histórica na região. O clientelismo é cultural”.  
O promotor explica como os empresários e políticos atuam. “Os empresários conseguem colocar na administração pessoas em cargos estratégicos ou cooptar aqueles que já estão nesses cargos. Isso facilita a operacionalização das fraudes. A corrupção está incrustada na administração pública. ”

Crime
Popular. A Lei 9.840 de 1999 foi a primeira proposta de iniciativa popular aprovada no Brasil e tornou crime a corrupção eleitoral. Foi votada e sancionada após coleta de mais de um milhão de assinaturas. A lei dá nome ao comitê.



Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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