Norte de Minas na frente: Entidades se unem para alavancar a produção de frutas

A união faz a força. Esse é um velho ditado que não passa batido pela fruticultura mineira. A organização de agricultores em cooperativas ou associações tem sido a chave para fortalecer a produção de frutas no estado. O esforço coletivo tem contribuído para o melhoramento das técnicas agrícolas e, principalmente, para a formação de preços em um mercado competitivo que oscila com o clima, com a oferta ou, simplesmente, pela preferência do consumidor por uma determinada fruta. A união tem sido a saída também para fruticultores que buscam melhorar a qualidade, criar escala e vender sua produção ao mercado externo, como os produtores de limão taiti no Norte de Minas.
Ao ano, o estado produz cerca de 3 milhões de toneladas de frutas. Parece muito, mas como indica a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), apenas 33% das frutas comercializadas na CeasaMinas são produzidas no estado. Observando o mercado externo, no país não é diferente, apenas 2% da produção é exportada. “O que mostra um grande potencial para a fruticultura”, observa Deny Sanábio, coordenador técnico da área, na Emater-MG.
Em Alfredo Vasconcelos, no Campo das Vertentes, o morango é doce e está abrindo espaço no mercado com preços competitivos, que garantem lucratividade ao produtor. Grande parte das lavouras é plantada por grupos de famílias que se uniram em uma cooperativa. Apesar da forte estiagem que castiga a agricultura e os mananciais, os produtores estão satisfeitos com o resultado da safra.
Na região, são mais de 100 agricultores, sendo que 65 deles fazem parte da Cooperativa Agropecuária de Alfredo Vasconcelos (Cooprav), explica o presidente, Renivaldo Bageto. Segundo ele, além de dar sustentabilidade à produção, negociando o melhor preço possível na compra e na venda da mercadoria, a cooperativa ajuda na assistência técnica e busca a participação dos produtores em programas sociais, como a venda de frutas para a merenda escolar.
Recentemente, agricultores de Alfredo Vasconcelos trocaram o cultivo em canteiros pela hidroponia. A técnica, somada ao manejo eficiente e introdução de novas espécies, tornou o morango mais resistente à estiagem que vem castigando o Sudeste. Este ano, a cooperativa não fechou os números da produção, mas acredita que a colheita vai superar as 2 mil toneladas de 2014. Os principais mercados são Belo Horizonte e Rio de Janeiro. “Este ano, os preços estão variando entre 10% e 15% acima do registrado na safra passada”, calcula Bageto.
Em Minas, a fruticultura envolve um mundo que gira entre o cultivo de espécies tropicais e variedades de clima temperado. As principais lavouras, em volume de produção, são de abacaxi, laranja e banana, que somam 75% da produção. Mas o estado é também o primeiro produtor nacional de morangos. É o segundo produtor de abacate, fruta cheia de sabor, que já foi muito comum nos pomares, mas que vem perdendo espaço na mesa do consumidor. O estado ocupa ainda o segundo lugar no ranking na produção de limão, uma das espécies mais conhecidas do país. Outras frutas que têm relevância no campo mineiro são: figo, goiaba, mamão, manga, caqui, maracujá, pêssego e tangerina.


SEM AZEDUME 
Na região do Jaíba, a Associação dos Produtores de Limão do Norte de Minas (Aslim) foi criada há 10 anos. O produto já tem duas certificações, que conferem seu padrão de qualidade, e a fruta é exportada para a Europa e o Oriente Médio. Como os custos da exportação são elevados e é preciso ter escala, a união de pequenos produtores alavancou as vendas externas, praticamente incipiente na fruticultura nacional. Este ano, surfando na alta do dólar caro, os produtores vão embarcar 20% a mais da fruta do que em 2014.
As exportações de limão vão movimentar perto de R$ 12 milhões este ano. Em 2016, a associação vai investir R$ 600 mil para ampliar o galpão exportador. “Vamos comprar novas máquinas, que lavam e selecionam os frutos. No ano que vem, pretendemos aumentar também a exportação de manga”, observa Rabelo. Segundo ele, a intenção é sair de R$ 600 mil ao ano, alcançando até R$ 2 milhões. A Aslim também vai participar de um nicho importante do mercado exportador, o sistema fair trade, ou de comércio justo, no qual países europeus pagam até 50% a mais pela fruta produzida pela agricultura familiar. “A associação é muito importante também para viabilizar a exportação”.
Saulo Bresinski, presidente da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), que reúne cerca de 2,5 mil associados, sendo perto de 2 mil produtores de banana-prata, reforça a importância do associativismo para vencer desafios como a seca e o alto custo da energia para quem investe na lavoura irrigada. Ele destaca ainda trabalhos, como a criação de selos de qualidade, que destacam o produto, além da formação de preço. Hoje, a Abanorte tem participação na definição do preço da fruta que serve como referência para todo o país. “Essa definição é importante para o produtor porque evita grandes oscilações. Temos um preço médio mais estável”, explica. O papel da união de pequenos produtores para exportação de frutas também é destacado por Bresinski. “Quem não exporta fica refém do mercado nacional, que raramente tem preços melhores que o externo.”

Números do pomar

» O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo

» Somente 2% da produção é exportada

» Minas Gerais produz 3 milhões de toneladas de frutas ao ano

» O crescimento da produção tem se mantido entre 1% e 2% ao ano

» 67% das frutas comercializadas na CeasaMinas são produzidas em outros estados

(Fonte: Estado de Minas)

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