Lava Jato encontra digitais tucana e PF pede investigação de Anastasia

PF encaminha ao Supremo dados novos sobre
caso de Anastasia na Lava Jato
(Por Luis Carlos Gusmão) A Polícia Federal pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) o prosseguimento da investigação sobre o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), ao contrário do que havia decidido o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Em agosto, Janot solicitou ao relator do inquérito, ministro Teori Zavascki, que arquivasse o inquérito sobre o tucano. O pedido ainda está sob análise. Os ministros do STF têm adotado como norma, há alguns anos, arquivar inquéritos quando o pedido é feito pelo procurador-geral.
O delegado da PF que cuida da apuração, Thiago Machado Delabary, pediu nesta terça (1º), a Teori, mais 60 dias para concluir a investigação, pois chegaram à PF informações novas sobre o caso.
A investigação concentra-se, agora, em duas casas em Belo Horizonte cujos endereços foram obtidos a partir do depoimento prestado pelo ex-agente da PF Jayme Alves de Oliveira Filho. Careca, como era conhecido, fazia entregas de dinheiro a mando do doleiro Alberto Youssef.
Em depoimento, ele disse ter entregado R$ 1 milhão, em 2010, a uma pessoa que identificou, por foto, como o então candidato ao governo de Minas. Em depoimentos posteriores, porém, ele não confirmou a declaração.
O senador sempre rechaçou a acusação e disse desconhecer o policial e o doleiro.
No primeiro depoimento, Careca descreveu o percurso que fez para chegar à casa onde teria entregado o dinheiro.
Com base nesse relato, a PF identificou um imóvel que era ocupado, em 2010, por um servidor público, falecido em 2013, que trabalhou na Assembleia de Minas e no gabinete de um deputado da base de apoio de Anastasia. O ex-morador, para a PF, teve "fortes laços com o meio político" do Estado, "bem como com aliados políticos do senador".
A PF também averiguou os antigos donos do mesmo imóvel e chegou a outros nomes integrantes do "grupo de sustentação política do senador".
A PF recebeu ainda uma comunicação do gabinete da presidente Dilma Rousseff, que encaminhou e-mail recebido de uma moradora de MG que pedia atenção da Presidência para outro endereço "nas imediações" da casa apontada pela PF. A Presidência encaminhou os dados como "correspondência de cidadã" para o Ministério da Justiça, que os remeteu à PF.Embora a autora pedisse anonimato, o nome dela é identificado na denúncia, encaminhada ao Ministério da Justiça e à PF. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a denunciante já trabalhou na secretaria de Planejamento do governo de Minas Gerais, ainda na gestão tucana, encerrada em 2014.
O jornal apurou que procuradores não tinham conhecimento da denúncia encaminhada ao Planalto ao pedirem o arquivamento das investigações.
Após a chegada dos novos documentos da PF ao Supremo no início desta semana, o gabinete de Zavascki deu vista ao caso novamente ao Ministério Público, para manifestação. Investigadores admitem, reservadamente, a possibilidade de "fatos novos" prorrogarem a apuração sobre Anastasia.
Mesmo após pedido de Janot, o caso ainda não foi arquivado, pois depende de um despacho do ministro Teori Zavascki.
No relatório da PF são citados dois endereços para a suposta casa onde o dinheiro teria sido entregue ao senador. Ambos no bairro de Belvedere, em Belo Horizonte, distantes cerca de 800 metros. Além da residência apontada pela denunciante, em uma primeira apuração, a PF chegou a um imóvel que pertenceria a um funcionário da Assembleia Legislativa de Minas.
No relatório, é sugerida "a existência de relevantes vínculos entre os atuais e antigos moradores da residência localizada na Av. José Maria Alkimim, 876, bairro Belvedere, Belo Horizonte/MG, e o grupo de sustentação política do senador Antonio Augusto Junho Anastasia".
O delegado da PF pediu a Teori que o inquérito seja devolvido a Rodrigo Janot para que ele "ratifique ou não sua promoção de arquivamento".

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