Erguida sobre o Rio São Francisco, Ponte Marechal Hermes terá o piso trocado
Apesar de proibidas, motos são frequentes na ponte, inaugurada em 1922 e tombada pelo Iepha em 1985 (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press) |
Pirapora e Buritizeiro – Dona Idalina Alves Fernandes, de 38 anos, quer logo atravessar a Ponte Marechal Hermes da Fonseca, erguida sobre o Rio São Francisco, de Pirapora a Buritizeiro, para apreciar com segurança o pôr do sol no Velho Chico, considerado pelos ribeirinhos um dos mais bonitos do Brasil. O piso de madeira será trocado por meio de uma parceria entre as duas prefeituras, que vão ceder a mão de obra, e a VLI, uma empresa especializada em logística controlada pela mineradora Vale.
A companhia desembolsará R$ 220 mil para a compra do material, que deve ser adquirido até o fim da primeira quinzena de outubro. A obra deve durar 90 dias. A importância histórica da estrutura, a primeira ponte metálica construída no país, e sua utilidade para a economia daquelas bandas – uma multidão de trabalhadores cruza a estrutura diariamente – contrastam com a conservação do elevado.
A travessia tem duas passarelas. A que era destinada a motocicletas foi interditada, há alguns anos, depois que parte do tablado de madeira despencou nas águas do Velho Chico. A outra, destinada a pedestres e ciclistas, continua liberada, mas há perigo de acidentes. Em dezembro de 2012, uma garotinha de 8 anos caiu nas águas do rio. O corpo foi encontrado uma semana depois, em Ibiaí, a 65 quilômetros da ponte.
“Agora, teremos maior segurança para a população. Já passou da hora”, cobrou dona Idalina, que mora em Buritizeiro e ganha a vida no comércio do município vizinho.
A troca das madeiras nas duas passarelas, o que garante o retorno da travessia de motos, é reivindicação antiga dos moradores de Buritizeiro e Pirapora. Apesar de o trânsito de motos ser proibido no espaço destinado aos pedestres e ciclistas, há condutores que desrespeitam a regra. Policiais militares constantemente repreendem infratores de Pirapora e Buritizeiro.
As duas cidades, referências no Norte de Minas, a 350 quilômetros de Belo Horizonte, são dependentes da Marechal Hermes, com extensão de 692 metros e oito de largura. Na hipótese de algum dia as duas passarelas da ponte serem suspensas para o trânsito de pedestres, os moradores terão duas opções: cruzar o rio ou seguir pelo asfalto, o que aumenta o percurso em mais de cinco quilômetros.
A Marechal Hermes tem origem em um projeto considerado audacioso em novembro de 1922, quando a estrutura foi inaugurada. Ela fazia parte do sonho do governo brasileiro de ligar por trilhos a então capital da República, Rio de Janeiro, e o Norte do país. Seu ponto final seria em Belém, mas o caminho para as locomotivas da Estrada de Ferro Central do Brasil jamais chegou até lá.
A inauguração da estrutura foi um grande acontecimento. Tanto que a solenidade foi conduzida pelo presidente da República da época, Epitácio Pessoa (1865-1942). O elevado recebeu tecnologia do exterior, sobretudo, da Inglaterra. Em 1985, foi foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
A companhia desembolsará R$ 220 mil para a compra do material, que deve ser adquirido até o fim da primeira quinzena de outubro. A obra deve durar 90 dias. A importância histórica da estrutura, a primeira ponte metálica construída no país, e sua utilidade para a economia daquelas bandas – uma multidão de trabalhadores cruza a estrutura diariamente – contrastam com a conservação do elevado.
A travessia tem duas passarelas. A que era destinada a motocicletas foi interditada, há alguns anos, depois que parte do tablado de madeira despencou nas águas do Velho Chico. A outra, destinada a pedestres e ciclistas, continua liberada, mas há perigo de acidentes. Em dezembro de 2012, uma garotinha de 8 anos caiu nas águas do rio. O corpo foi encontrado uma semana depois, em Ibiaí, a 65 quilômetros da ponte.
“Agora, teremos maior segurança para a população. Já passou da hora”, cobrou dona Idalina, que mora em Buritizeiro e ganha a vida no comércio do município vizinho.
A troca das madeiras nas duas passarelas, o que garante o retorno da travessia de motos, é reivindicação antiga dos moradores de Buritizeiro e Pirapora. Apesar de o trânsito de motos ser proibido no espaço destinado aos pedestres e ciclistas, há condutores que desrespeitam a regra. Policiais militares constantemente repreendem infratores de Pirapora e Buritizeiro.
As duas cidades, referências no Norte de Minas, a 350 quilômetros de Belo Horizonte, são dependentes da Marechal Hermes, com extensão de 692 metros e oito de largura. Na hipótese de algum dia as duas passarelas da ponte serem suspensas para o trânsito de pedestres, os moradores terão duas opções: cruzar o rio ou seguir pelo asfalto, o que aumenta o percurso em mais de cinco quilômetros.
A Marechal Hermes tem origem em um projeto considerado audacioso em novembro de 1922, quando a estrutura foi inaugurada. Ela fazia parte do sonho do governo brasileiro de ligar por trilhos a então capital da República, Rio de Janeiro, e o Norte do país. Seu ponto final seria em Belém, mas o caminho para as locomotivas da Estrada de Ferro Central do Brasil jamais chegou até lá.
A inauguração da estrutura foi um grande acontecimento. Tanto que a solenidade foi conduzida pelo presidente da República da época, Epitácio Pessoa (1865-1942). O elevado recebeu tecnologia do exterior, sobretudo, da Inglaterra. Em 1985, foi foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
CARTÃO-POSTAL
A Marechal Hermes, mesmo necessitando de uma ampla reforma, é um dos principais cartões-postais da região, assim como o São Francisco e o Benjamim Guimarães, o vapor construído para navegar no Mississipi, em 1913, e que foi comprado por um empresário brasileiro na primeira metade do século passado. O vapor, o único em atividade no planeta, depende do aumento do volume do leito do rio para voltar com os passeios turísticos nos fins de semana.
Da ponte, moradores e turistas não avistam apenas o pôr do sol e o leito do Velho Chico, que desde 2012 sofre com a forte estiagem. Da estrutura, também se pode observar as mulheres que lavam roupas nas águas do rio, pescadores que hoje encontram maior dificuldade para fisgar os peixes, devido ao baixo volume de água, e crianças que nadam na prainha de Pirapora.
O intenso matraquear de bicicletas sobre o piso de madeira da ponte é um som estranho a quem não é daquelas bandas, mas é outro chamativo da estrutura. Dona Roseli Gomes, outra vendedora que mora em Buritizeiro e trabalha em Pirapora, cruza o elevado diariamente em sua bike. “Bom saber que a ponte será reformada, porque o risco de acidente é grande”, sustenta a mulher.
Enquanto isso...
…Morcegos resistem
Quem chega a Pirapora para apreciar o pôr do sol no Velho Chico pode presenciar um espetáculo a mais. Às margens do rio, uma mangueira com tronco oco é a moradia de dezenas de morcegos. A chegada da noite é a senha para que os animais façam uma revoada. Eles saem apressados, chamando atenção de turistas e moradores. Duas horas depois, muitos retornam à mangueira residência.
Da ponte, moradores e turistas não avistam apenas o pôr do sol e o leito do Velho Chico, que desde 2012 sofre com a forte estiagem. Da estrutura, também se pode observar as mulheres que lavam roupas nas águas do rio, pescadores que hoje encontram maior dificuldade para fisgar os peixes, devido ao baixo volume de água, e crianças que nadam na prainha de Pirapora.
O intenso matraquear de bicicletas sobre o piso de madeira da ponte é um som estranho a quem não é daquelas bandas, mas é outro chamativo da estrutura. Dona Roseli Gomes, outra vendedora que mora em Buritizeiro e trabalha em Pirapora, cruza o elevado diariamente em sua bike. “Bom saber que a ponte será reformada, porque o risco de acidente é grande”, sustenta a mulher.
Enquanto isso...
…Morcegos resistem
Quem chega a Pirapora para apreciar o pôr do sol no Velho Chico pode presenciar um espetáculo a mais. Às margens do rio, uma mangueira com tronco oco é a moradia de dezenas de morcegos. A chegada da noite é a senha para que os animais façam uma revoada. Eles saem apressados, chamando atenção de turistas e moradores. Duas horas depois, muitos retornam à mangueira residência.
Fonte: EM
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