África usará modelo do Norte de Minas para algodão
(Por Girleno Alencar) O Norte de Minas servirá de modelo para a África produzir algodão. A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), vinculada da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), assinou, na última semana, um projeto de cooperação técnica com representantes do governo do Zimbábue. O programa, coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação prevê capacitação e transferência de tecnologias brasileiras em algodão para o país sul-africano. De acordo com o diretor de Operações Técnicas da Epamig, Trazilbo de Paula, o convite para integrar o projeto partiu da ABC. Ele conta que as características climáticas e de solo do Norte de Minas. Desde o ano de 2007 que Catuti tem o projeto de algodão transgênico, que chega a 300 arrobas por hectare. Uma equipe da África veio a Catuti no ano passado.
“A ABC nos relatou que o Zimbábue tem períodos de restrições hídricas prolongadas, clima quente e seco, mas com grande potencial de trabalho com pequenos produtores. Temos muito a ensinar e a aprender”, destaca. A embaixadora do Brasil no Zimbábue, Ana Maria Morales, ressalta a importância do algodão para a economia e sobre a qualidade, já reconhecida, da fibra manufaturada no país sul-africano. Ana lembra, também, que as instituições brasileiras que fazem parte da iniciativa possuem muita experiência no setor. “O Brasil ocupa lugares de destaque tanto na produção quanto na exportação de algodão. A excelência das nossas instituições que integram a iniciativa irá garantir o sucesso do projeto”, afirma.
Nos últimos anos, o Brasil tem se mantido entre os cinco maiores produtores mundiais de algodão, ao lado de países como China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. Segundo o pesquisador da Epamig, Marcelo Lanza, a empresa é responsável por desenvolver algumas variedades do produto adaptadas às condições de semiárido, e resistentes a pragas e a doenças. O projeto já passou por uma missão de validação e assinatura em Harare, capital do Zimbábue, no último mês. O próximo passo será a primeira missão técnica para avaliação da infraestrutura física, dos equipamentos e das terras disponibilizadas para a construção de uma Unidade Técnica Demonstrativa (UTD) no Zimbábue, prevista para abril deste ano.
O algodão é uma commodity importante para a economia de vários países do continente africano. Desde a década de 1990, o setor se modifica e passa por processos de reorganização e modernização tecnológica. Mas, apesar de todos os avanços nos últimos anos em locais com boas condições de clima e solo para explorar o produto, os países africanos ainda não são grandes exportadores de algodão no mercado mundial. O rendimento da cultura de algodão na África é limitado pelas técnicas de produção e uso de equipamentos antigos, o que compromete a competitividade do mercado. No Zimbábue, a cotonicultura, segundo produto agrícola que mais contribui para a renda nacional do país, é predominantemente familiar. Os mais de 300 mil pequenos produtores, na maioria mulheres e jovens, ocupam áreas médias de dois hectares e estão localizados em 97% do país.
Nesse contexto, vale destacar que o rendimento médio de um algodoeiro zimbabuano vem diminuindo muito desde o ano 2000. De acordo com o Relatório Anual de Gestão da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a produção, que no passado chegou a ser de 800 quilos por hectare, hoje não ultrapassa 680 quilos. Apesar dos desafios, o país dispõe de estrutura física e de recursos humanos capacitados para a produção competitiva do algodão. O Cotton Research Institute (CRI), instituto responsável pela pesquisa de novas tecnologias na área do algodão, ligado ao Ministério de Terras, Agricultura e Reassentamento Rural do Zimbábue, conta com um programa de produção de sementes e realiza experimentos para validar pesquisas importantes para o desenvolvimento da produção local. A expectativa é que o conhecimento gerado pela Epamig se some ao do instituto.
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