Janaúba para em homenagens; mortos chegam a 9, sendo 7 crianças
Enfileirados, veículos acompanharam os carros da funerária que transportaram, ao longo do dia, os corpos carbonizados pelas ruas da cidade. Sob sol forte, moradores na calçada acenavam para o cortejo que seguia até o cemitério. Comerciantes, de luto, fecharam as portas.
“Não tive coragem de abrir o estabelecimento”, contou Alexandre Azevedo, proprietário de uma loja de pneus. “Clientes chegavam com o rosto inchado de chorar, ninguém aguenta.”
Em todo o município, o clima é de pesar e comoção diante da maior tragédia da história da cidadezinha de 72 mil habitantes.
Ao longo do dia, a população se mobilizou para confortar os familiares das vítimas e rezar pelos que estão internados. Moradores do município e de cidades vizinhas também se organizaram pelas redes sociais para recolher doações.
Por causa da tragédia, o Ministério Público de Minas abriu uma conta bancária para receber doações em dinheiro, que servirá de auxílio material às famílias das vítimas. Até o início da tarde de ontem, o montante chegava a R$ 177 mil.
+++ 'Eu vou dar picolé para vocês', disse vigilante antes de atear fogo em creche
Velórios foram feitos dentro das casas
Era noite de anteontem quando os corpos das vítimas começaram a chegar nas casas de suas famílias, onde foram velados por pais, irmãos, avós, parentes próximos e distantes, vizinhos e amigos. Os sepultamentos, realizados um de cada vez, em diversos horários e nos dois cemitérios da pequena Janaúba, reuniram centenas de pessoas.
Considerada heroína por conseguir retirar boa parte dos alunos da creche e ter lutado contra o agressor, a professora Heley de Abreu Silva Batista, de 43 anos, foi velada sob o olhar de uma multidão. Entre os presentes, estava o prefeito Carlos Isaildon Mendes (PSDB).
Mendes costuma afirmar que Janaúba é a 52.ª maior cidade de Minas Gerais. Com economia voltada para plantação de banana, boa parte do município é coberto por barro - e não asfalto - e nem o GPS funciona direito.
A tragédia, porém, tem mudado a rotina da cidade, que, em menos de 48 horas, registrou ao menos 31 voos de helicóptero, considerando apenas os transportes de vítimas para os centros de atendimento em Montes Claros e Belo Horizonte. Em um dos hospitais de Janaúba, o Fundajan, faltam insumo básicos, como luvas e seringas.
Veja quem foram as vítimas
Crianças
Juan Pablo Santos, 4 anos
Luiz Davi Rodrigues, 4 anos
Ruan Miguel Silva, 4 anos
Ana Clara Ferreira Silva, 4 anos
Renan Nicolas Silva, 4 anos
Cecília Davina Dias, 4 anos
Yasmin Medeiros Sabino, 4 anos
Adultos
Heley Abreu (professora), 43 anos
Damião dos Santos, 50 anos
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