Bispo Dom José Ronaldo visita Espinosa durante festa do Divino Espírito Santo
O Bispo Diocesano de Janaúba, Dom José Ronaldo visitou, na sexta-feira (03/06) a cidade de Espinosa para participar da programação religiosa das festividades em louvor ao Divino Espírito Santo, celebrando missa no 2º dia do novenário da festa. Após a celebração, concedeu uma entrevista ao Jornal de Espinosa.
Jornal de Espinosa – O que o Senhor está achando da Festa do Divino Espírito Santo?
Dom José Ronaldo: Estou muito feliz com a manifestação da comunidade e com o espírito que está reinando aqui. Espírito de contentamento e expectativa. Pude sentir a alegria do povo em celebrar a festa do Divino Espírito Santo. A festa de Pentecostes está coincidindo com a vinda definitiva dos padres barnabitas, que estão dispostos a fazer uma missão aqui
Jornal de Espinosa – O que é preciso ser feito para incentivar ainda mais os católicos?
Dom José Ronaldo: Acho que a fé, a vivência religiosa precisa ser animada. Tenho visto uma explosão significativa de fé, graças a Deus em alguns municípios de nossa diocese. Para isso, colocamos novos padres, novos animadores trazendo uma nova vida às comunidades. Exemplo disso: em Gameleiras estava sem padre e coloquei um seminarista que já concluiu os estudos estando preparando para ser ordenado padre. Após dois, três meses que ele estava na paróquia houve maior participação do povo na igreja. Foi um grande progresso em tão pouco tempo, por um animador que chegou e deu aquele espírito de ânimo para a comunidade. Estamos trabalhando neste sentido para que todas as paróquias tenham esta força de animação para que o povo cresça no sentido da fé.
Jornal de Espinosa – Por que foi criada a Paróquia do Divino Espírito Santo em Espinosa?
Dom José Ronaldo: Primeiramente por um motivo de necessidade, pela dimensão que já é a cidade de Espinosa, um município grande que comporta tranquilamente duas paróquias, pois alem da área urbana há as áreas rurais.
Frente a isso, a assistência de toda a cidade pra ser uma paróquia deixava o pároco anterior, o padre Idalmo sobrecarregado. Percebíamos o cansaço dele por causa do excesso de atividades. Por mais boa vontade que apresentava ele não conseguia assistir bem a comunidade. Assim, a primeira coisa que fiz quando cheguei a Espinosa foi pedir-lhe que tirasse um mês de férias. Posteriormente, a segunda iniciativa foi dividir, criar uma nova paróquia para ter um descanso e o padre não ficar só na pastoral sacramental, mais poder da formação, trabalhar os movimentos da igreja, movimentos de evangelização, porque na dimensão que tem a paróquia com um padre só, ele mau atende a pastoral sacramental. Vejo-os como heróis, pois fazem coisas até além, pois é muito trabalho para um sacerdote só.
Jornal de Espinosa – Há algum problema interno na igreja após a criação da Paróquia do Divino Espírito Santo?
Dom José Ronaldo: Acredito que um padre quando desenvolve um trabalho por muito tempo sozinho numa cidade acaba criando um amor, um apego e carinho especial pela comunidade. Desse modo, ele quer ter a certeza de que as coisas seguirão bem. Sendo assim, pode às vezes gerar r esse zelo, essa preocupação. Acredito que seja este o espírito.
Jornal de Espinosa – Qual sua mensagem aos leigos?
Dom José Ronaldo: Mensagem de encorajamento, incentivo e apoio, pois vejo que o leigo cada dia mais entende a importância do seu papel na igreja, de fazer um trabalho em comunhão com o ministério sacerdotal. É importante que cada um entenda que Deus o chama e que tem uma missão no seio da igreja. É fato que a igreja será mais pobre se cada um não assumir seu papel. Esperamos uma participação efetiva do leigo como leigo, cada um no seu papel. É importante na vida da igreja essa cooperação, por que ainda hoje nós entendemos que os sacerdotes são poucos para a grande demanda, então o leigo assumindo o seu papel na catequese na liturgia na dinamização pastoral em diversos campos certamente vai tornar mais rica a ação evangelizadora da igreja. Havendo comunhão, coordenação e obediência à orientação daqueles que foram preparados, certamente a comunidade cresce.
Jornal de Espinosa – Qual sua mensagem aos fiéis?
Dom José Ronaldo: Sem a fé nossa vida fica uma lacuna, um vazio, que só é preenchido pela graça divina, pela graça de Deus. É Ele quem nos dá a vida. Participar da igreja é viver. Se nos rompemos com Deus, rompemos com a vida. Ficamos tristes e expostos a fraquezas deste mundo. Assim, o ideal é encorajar a participar, apoiar os ministros que Deus enviou para a paróquia, e com eles trabalhar e crescer. Participem, pois realmente vale a pena. Se afastamos ficaremos como o galho separado da árvore, podemos secar e morrer, portanto devemos participar com alegria, pois vale a pena.
Jornal de Espinosa – Como o Senhor avalia o aumento dos Evangélicos?
Dom José Ronaldo: Na realidade não vejo como afastamento da igreja católica e nem crescimento. Houve um fenômeno hoje na igreja de religiões pentecostais. Não são os evangélicos tradicionais, aqueles mais antigos na história como anglicanos, luteranos, ortodoxos, mas são umas seitas e denominações criadas recentes que entenderam as carências do povo, e que de certa forma exploram estas carências oferecendo aquilo que é próprio do homem moderno, o imediatismo. A busca de soluções imediatas, a cura, prosperidade é um tipo de religiosidade meio utilitarista. Podemos fazer parte disso se não estivermos bem alimentados. Na verdade, Deus não veio ao mundo para nos tirar problemas ou dificuldades. No evangelho de hoje Jesus disse: ”Vocês vão ter tristeza e perseguição. Vão ter tribulações, mas perseverem, pois vocês vão vencer”. Percebemos nessas palavras que Jesus Cristo não veio para tirar problemas, mas é preciso que cada um renuncie a si mesmo tome sua cruz de cada dia e siga-O. Este é o espírito do seguimento de Jesus Cristo, um seguimento consciente, maduro. Penso que há certa vulnerabilidade do homem moderno de certa forma influenciado pelo desenvolvimento, pela tecnologia e pelo progresso. Com isso, foi deixando de lado a espiritualidade, foi se apegando muito ao mundo e as coisas que o mundo oferece. Isso o faz cair no esvaziamento. É um público vulnerável que ficou distante da fé, caiu no fenômeno que chama dessacralização, descristianização e crise de fé. Neste fenômeno muita gente ficou vulnerável exposto até mesmo ao ateísmo e a doutrinas vazias, materialistas. A casa vazia muitas vezes como disse Jesus Cristo pode ser ocupada por aquilo que não seja bom. Precisamos ocupar nossa casa que é o nosso coração daquilo que é bom e que nos preenche de verdade.
Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com
Fonte: Jornal de Espinosa
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