Jaíba, MG – O clima foi de cobrança intensa e indignação nesta sexta-feira (27/9), durante a audiência pública realizada em Jaíba, no Norte de Minas Gerais, que trouxe à tona uma ferida antiga: o descaso com a educação quilombola. O encontro, promovido pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a pedido do deputado Professor Luizinho (PT), reuniu lideranças, autoridades e moradores que não esconderam a revolta diante da realidade vivida pelas comunidades.
“O fechamento de escolas está matando o futuro dos nossos jovens”, denunciou Edna Gorutuba, presidente da Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais, arrancando aplausos e gritos de apoio do público presente.
As principais denúncias e cobranças
Entre os pontos levantados pelas lideranças quilombolas, as reivindicações mais urgentes foram:
• Titularização dos territórios quilombolas, condição básica para acesso a outros direitos;
• Combate à evasão escolar, que atinge níveis alarmantes na região;
• Capacitação de professores para trabalhar com uma educação diferenciada;
• Garantia de transporte escolar digno;
• Alimentação escolar adequada, respeitando as necessidades das comunidades.
O deputado Professor Luizinho não poupou críticas:
“Minas Gerais tem centenas de quilombos, mas apenas um foi parcialmente titularizado. Isso é uma vergonha! Sem território, não há cidadania. Sem escola, não há futuro!”
Governo se defende, mas não convence
Representando a Superintendência Regional de Ensino de Janaúba, Aline Maria Rodrigues tentou afastar as denúncias de fechamento de escolas quilombolas. Ela destacou que o governo estadual estaria investindo em material didático e capacitação de professores. Mas, para muitos presentes, a fala soou como “paliativo”.
Já o secretário municipal de Educação de Jaíba, Reginaldo Ferreira, prometeu adaptar três escolas localizadas em territórios quilombolas para incluir conteúdos que valorizem a cultura e a identidade negra. A declaração foi recebida com cautela e expectativa.
O grito que ecoa de Jaíba para Minas
A audiência mostrou que a paciência das comunidades quilombolas está chegando ao limite. As falas duras, os relatos emocionados e as promessas ainda sem prazos concretos reforçaram a sensação de que o Estado segue em dívida histórica com essas populações.
A frase que marcou a audiência veio de uma liderança presente:
“Negar educação diferenciada é negar nossa existência!”
Agora, resta saber se as cobranças ecoadas em Jaíba vão se transformar em políticas reais ou se continuarão a fazer parte de um ciclo de promessas esquecidas.
O caso escancara um debate urgente: até quando as comunidades quilombolas terão que lutar pelo direito básico à educação?
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