LULA MONTESCLAREOU
‘Capital’ do Norte de Minas vira laboratório para eventos da parcela do PT que avalia que o sonho não acabou
(Por Luís Cláudio Guedes) Principal cidade do meio norte-mineiro, Montes Claros ganhou três eventos de peso do PT no intervalo de 13 meses e parece consolidar o status, pelo em Minas Gerais, de point preferido para testes nas empreitadas em que o lulo-petismo precisa colocar gente na rua.
O último desses eventos reuniu cerca de seis mil militantes (três mil segundo a Polícia Militar) no estacionamento de uma faculdade particular, durante visita do ex-presidente Lula à cidade, a primeira de uma série que pretende fazer pelo país para defender o mandato da presidente Dilma Rousseff e tentar melhorar a imagem do PT, após os escândalos que marcam a passagem do partido pela Presidência da República.
Não há como fugir da constatação para a qual chama a atenção um peemedebista do município: no espaço relativamente curto de pouco mais de um ano, Montes Claros foi palco para três eventos de peso do petismo e serviu como uma espécie de laboratório para caminhadas de maior vulto que o PT pretenda empreender no estado e no país.
A cidade foi escolhida para sediar o primeiro grande evento de rua da campanha para a reeleição de Dilma Rousseff, no dia 1° de agosto do ano passado. Além de tentativa de mostrar força no território do seu então principal adversário, o senador Aécio Neves (PSDB), a escolha de Montes Claros teria se dado pela densidade das votações petistas em eleições anteriores e pela capacidade de articulação dos aliados no município, em especial o agora secretário de Desenvolvimento das Regiões Nordeste de Minas Gerais, o deputado estadual Paulo Guedes.
Em junho deste ano, o governador Fernando Pimentel começou por Montes Claros a principal aposta do seu governo: a instalação do primeiro de 17 fóruns regionais, uma tentativa de reeditar no Estado uma versão aprimorada do orçamento participativo, em que a população tomaria parte na decisão das ações governamentais, com a elaboração, execução, monitoramento e avaliação de políticas públicas de forma regionalizada.
Blindagem
O convite para que Lula voltasse a Montes Claros foi feito pelo secretário Paulo Guedes no último mês de fevereiro, durante visita a São Paulo para participar de uma sessão de media training. O ex-presidente teria gostado da ideia e só decidiu pela viagem há coisa de um mês.
A escolha do Norte de Minas para iniciar uma nova caminhada pelo país, com o objetivo não declarado de fazer campanha para a sucessão presidencial de 2018, parece ter sido motivada pela necessidade de reunir uma plateia simpática ao ex-presidente, que teme ser hostilizado por manifestantes insatisfeitos com o governo federal neste novo périplo pelo país. Pesou também o fato do deputado estadual Paulo Guedes já ter dado demonstrações de que consegue arregimentar militantes com rapidez.
Guedes levou a Montes Claros alguns milhares de militantes de municípios do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha em prazo inferir a duas semanas. Pelo menos 100 ônibus se deslocaram para a cidade-polo, lotados de representantes de movimentos sociais organizados da região (quilombolas, indígenas, geraizeros, vazanteiros, sem-terra e sindicalistas, além de políticos e cabos eleitorais), convocados para participar do primeiro Encontro dos Povos dos Gerais.
O último desses eventos reuniu cerca de seis mil militantes (três mil segundo a Polícia Militar) no estacionamento de uma faculdade particular, durante visita do ex-presidente Lula à cidade, a primeira de uma série que pretende fazer pelo país para defender o mandato da presidente Dilma Rousseff e tentar melhorar a imagem do PT, após os escândalos que marcam a passagem do partido pela Presidência da República.
Não há como fugir da constatação para a qual chama a atenção um peemedebista do município: no espaço relativamente curto de pouco mais de um ano, Montes Claros foi palco para três eventos de peso do petismo e serviu como uma espécie de laboratório para caminhadas de maior vulto que o PT pretenda empreender no estado e no país.
A cidade foi escolhida para sediar o primeiro grande evento de rua da campanha para a reeleição de Dilma Rousseff, no dia 1° de agosto do ano passado. Além de tentativa de mostrar força no território do seu então principal adversário, o senador Aécio Neves (PSDB), a escolha de Montes Claros teria se dado pela densidade das votações petistas em eleições anteriores e pela capacidade de articulação dos aliados no município, em especial o agora secretário de Desenvolvimento das Regiões Nordeste de Minas Gerais, o deputado estadual Paulo Guedes.
Em junho deste ano, o governador Fernando Pimentel começou por Montes Claros a principal aposta do seu governo: a instalação do primeiro de 17 fóruns regionais, uma tentativa de reeditar no Estado uma versão aprimorada do orçamento participativo, em que a população tomaria parte na decisão das ações governamentais, com a elaboração, execução, monitoramento e avaliação de políticas públicas de forma regionalizada.
Blindagem
O convite para que Lula voltasse a Montes Claros foi feito pelo secretário Paulo Guedes no último mês de fevereiro, durante visita a São Paulo para participar de uma sessão de media training. O ex-presidente teria gostado da ideia e só decidiu pela viagem há coisa de um mês.
A escolha do Norte de Minas para iniciar uma nova caminhada pelo país, com o objetivo não declarado de fazer campanha para a sucessão presidencial de 2018, parece ter sido motivada pela necessidade de reunir uma plateia simpática ao ex-presidente, que teme ser hostilizado por manifestantes insatisfeitos com o governo federal neste novo périplo pelo país. Pesou também o fato do deputado estadual Paulo Guedes já ter dado demonstrações de que consegue arregimentar militantes com rapidez.
Guedes levou a Montes Claros alguns milhares de militantes de municípios do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha em prazo inferir a duas semanas. Pelo menos 100 ônibus se deslocaram para a cidade-polo, lotados de representantes de movimentos sociais organizados da região (quilombolas, indígenas, geraizeros, vazanteiros, sem-terra e sindicalistas, além de políticos e cabos eleitorais), convocados para participar do primeiro Encontro dos Povos dos Gerais.
Lula voltou a Montes Claros e parece ter gostado. Após cumprir agenda política em que foi pródigo em mandar recados a aliados e desafetos, ele fez nova visita à casa do secretário Paulo Guedes, onde participou de jantar que teve como prato principal galinha caipira e galinha d’angola. Não faltaram também a boa moda de viola e doses discretamente consumidas das cachaças Havana e Velha Motinha.
O ex-presidente retornou ao hotel por volta das duas 2h00 da madrugada. Na mala, presentes diversos do artesanato e culinária regionais – cocares indígenas, adornos de Catopês, carne de sol, farinha, rapadura e outros mimos sertanejos, que certamente remetem à memória da sua primeira infância em Garanhuns. Segundo relatos, parecia feliz e pronto para voar, como afirmaria poucas horas depois, durante encontro fechado com o ex-presidente e senador pelo Uruguai José Mujica, em São Bernado do Campo, São Paulo.
Os montes claros do Norte de Minas parecem ter 'montesclareado' as retinas cansadas de Lula. Mas como registrou Tino Gomes na bela 'Montesclareou', uma canção para agosto: ‘Tudo é previsto pelos livros santos, que só não falam que o sonho acabou’.
O ex-presidente retornou ao hotel por volta das duas 2h00 da madrugada. Na mala, presentes diversos do artesanato e culinária regionais – cocares indígenas, adornos de Catopês, carne de sol, farinha, rapadura e outros mimos sertanejos, que certamente remetem à memória da sua primeira infância em Garanhuns. Segundo relatos, parecia feliz e pronto para voar, como afirmaria poucas horas depois, durante encontro fechado com o ex-presidente e senador pelo Uruguai José Mujica, em São Bernado do Campo, São Paulo.
Os montes claros do Norte de Minas parecem ter 'montesclareado' as retinas cansadas de Lula. Mas como registrou Tino Gomes na bela 'Montesclareou', uma canção para agosto: ‘Tudo é previsto pelos livros santos, que só não falam que o sonho acabou’.
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