Medalhista de ouro no vôlei de praia em Paris 2024, atleta do Norte de Minas Gerais segue aguardando gesto simbólico prometido por Zema em nome do esporte mineiro
Passado um ano da histórica conquista da medalha de ouro na Olimpíada de Paris 2024, a atleta Ana Patrícia Ramos, natural de Espinosa, no Norte de Minas Gerais, ainda aguarda o cumprimento de uma promessa feita publicamente pelo governador do estado, Romeu Zema (Novo).
Durante a preparação da delegação olímpica brasileira, em julho do ano passado, o governador se comprometeu a nadar 500 metros em água fria para cada medalha conquistada por atletas mineiros nos Jogos Olímpicos. No total, os esportistas de Minas somaram quatro medalhas, o que significa que Zema deveria nadar 2 mil metros — compromisso que, até o momento, não foi honrado.
Espinosa no topo do mundo. E Minas ainda esperando
Representando o Brasil ao lado da sergipana Duda Lisboa, Ana Patrícia brilhou nas areias de Paris e levou o ouro olímpico no vôlei de praia, colocando seu nome na história do esporte e levando o nome de Espinosa e do Norte de Minas Gerais ao pódio mais alto do mundo.
Ao lado dela, outras três medalhas foram conquistadas por mineiras no futebol feminino: Tamires (de Caeté), Yasmim (de Governador Valadares) e Duda Sampaio (de Jequeri), que ficaram com a prata na modalidade.
Promessa pública, expectativa frustrada
A promessa de Romeu Zema foi feita em clima de descontração, mas com clara conotação de compromisso, durante encontro com atletas olímpicos no Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte, em 25 de julho de 2024. O vídeo, publicado nas redes oficiais do governador, mostrava Zema afirmando que "cada medalha vai ser um treino" e que preferiria nadar em água fria para “pagar bem pago” à altura do desempenho dos atletas.
Apesar da repercussão e da expectativa criada, o gesto simbólico nunca se concretizou. Em resposta a questionamentos recentes, a assessoria do governador limitou-se a informar que a “previsão” é de que ele cumpra a promessa ainda em agosto de 2025, durante uma etapa dos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG), para “incentivar o esporte entre adolescentes”.
A falta de cumprimento da palavra, no entanto, tem sido alvo de críticas, especialmente por parte da comunidade esportiva do interior do estado, que vê no gesto mais do que uma brincadeira simbólica — mas sim um reconhecimento à superação de atletas que saíram de realidades difíceis e chegaram ao topo do esporte mundial.
O esporte precisa de respeito — e não apenas de promessas
A vitória de Ana Patrícia em Paris 2024 foi mais que uma medalha: foi a consagração de uma trajetória construída com muito esforço, dedicação e apoio popular, sobretudo em sua terra natal, Espinosa, onde a atleta é símbolo de inspiração para centenas de jovens.
Diante disso, a não realização do prometido gesto por parte do governador não é apenas um deslize institucional. É um desrespeito com a representatividade do esporte mineiro, com os valores da palavra empenhada e com o orgulho do povo do Norte de Minas Gerais.
Ana Patrícia honrou o Brasil e Minas Gerais com sua garra, disciplina e talento. Resta agora que o governador Romeu Zema honre sua própria palavra — por respeito ao esporte, aos atletas e aos mineiros.
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