Há 30 anos no SUS, médico curado da Covid-19 diz que 'nunca viveu algo parecido' e que 'doença chega sorrateiramente'
(Por Michelly Oda, G1 Grande Minas) Após mais de uma semana internado em um hospital de Belo Horizonte (MG) para se tratar da Covid-19, o cardiologista José Goulart de Souza Júnior, que mora e trabalha em Unaí (MG), se prepara para voltar para casa. Os exames apontam a cura e uma tomografia mostra que o pulmão já funciona normalmente. Ele deve receber alta nesta sexta-feira (23).
"A população tem que se conscientizar que é uma doença grave, não há consenso científico de como a Covid-19 vai se comportar. Essa doença é altamente infecciosa e chega sorrateiramente. Quando menos se percebe, o estado de saúde já se tornou grave.”
Há 30 anos atuando no Sistema Único de Saúde e acostumado a lidar com uma grande diversidade de doenças que acometem à população, é enfático ao dizer que "nunca viveu algo parecido" com o novo coronavírus. José Goulart se formou em Medicina em 1984, em BH, onde também fez a especialização. “A escolha foi com base na vocação, nunca imaginei abraçar outra profissão”, fala.
Há 30 anos atuando no Sistema Único de Saúde e acostumado a lidar com uma grande diversidade de doenças que acometem à população, é enfático ao dizer que "nunca viveu algo parecido" com o novo coronavírus. José Goulart se formou em Medicina em 1984, em BH, onde também fez a especialização. “A escolha foi com base na vocação, nunca imaginei abraçar outra profissão”, fala.
“Todos os profissionais de saúde estão conscientes de que correm riscos por estarem expostos à doença, independente da faixa etária e dos fatores de risco. Temos visto jovens médicos que, infelizmente, foram a óbito. Vou sair daqui renovado e pronto para contribuir com o meu trabalho.”
O médico conta que, inicialmente, teve febre alta. Depois, sentiu uma leve falta de ar e tosse. Ele escolheu ir para a capital mineira por ter colegas de profissão que trabalham em BH nas áreas de infectologia e pneumologia. Quarenta pessoas, entre familiares, profissionais de saúde e pacientes, que tiveram contato com o médico fizeram testes para a Covid-19, todos testaram negativo.
“Obviamente, senti medo. Mas em nenhum momento achei que o pior poderia acontecer, sempre mantive o otimismo e segui todas as orientações dos profissionais durante o tratamento.”
José Goulart afirma que não tem suspeitas de como pode ter sido infectado. Antes do teste dele dar positivo para o novo coronavírus, havia apenas outro confirmado, de um paciente que havia retornado do Rio de Janeiro. Quando apresentou os sintomas, o médico estava há 40 dias sem se deslocar para outros lugares.
“É tempo de refletir, de as pessoas olharem para si mesmas. Muitas vezes, na correria do dia a dia, não damos atenção necessária aos nossos familiares e amigos. A doença me fez querer ser melhor em todos os sentidos”, define o cardiologista que diz ter sentido muita falta da companhia da esposa e das duas filhas.
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