Record é multada em R$ 2 milhões por pintar de branco arte rupestre em Diamantina

Foto: MPMG/ Divulgação

A pintura de branco de uma arte pré-histórica preservada durante séculos em uma parede na cidade de Diamantina, em Minas Gerais, gerou uma multa de R$ 2 milhões à TV Record. A destruição ocorreu a fim de que a emissora pudesse compor o cenário de sua minissérie bíblica Rei Davi.

Quase uma década depois das gravações da minissérie, a Record foi condenada em segunda instância a pagar R$ 2 milhões por ter pintado de branco uma série de artes rupestres nas locações de Diamantina.

Após a passagem da equipe de filmagem no local, responsáveis pelo sítio arqueológico teriam notado a presença de tinta branca vinílica sobre uma parede com figuras antigas, que agora estão apagadas. As informações são do jornal El País Brasil.

Mesmo após ser condenada, a emissora negou que tenha comprometido o local. Em sua defesa, a Record afirma que não havia registros que indicassem que o local se tratava de um sítio arqueológico preservado e que as provas periciais contra ela foram feitas 19 meses depois do fim das gravações de Rei Davi. A empresa de comunicação afirmou ainda que a gravação da minissérie gerou benefícios ao município de Diamantina, tais como o acréscimo no turismo e projeção nacional e que, por isso, não deveria pagar indenização por danos sociais.

A Record ainda pode recorrer a decisão dos desembargadores, assim como fez quando foi condenada em primeira instância “à recuperação dos danos ambientais, ao custeio de prova pericial realizada, ao pagamento de indenização a título de compensação ambiental no valor de um milhão de reais e à indenização por danos morais coletivos também no valor de um milhão de reais, pelos danos ao patrimônio cultural dos municípios de Gouveia e Diamantina”, como informa o El País Brasil.

Para o professor Andrei Isnardis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a perda da arte rupestre não tem preço. “Estamos falando de outro tipo de valor. Um valor histórico, cultural, antropológico, humano, de pessoas que tinham um outro modo de vida. A pintura rupestre é o vestígio mais visível de outros povos. É inestimável”, disse à reportagem.

De acordo com Isnardis, comparada com outras áreas de Minas Gerais, a região de Diamantina é bastante preservada. “A população local intervém menos. Muitos sempre viveram como coletores e utilizam os abrigos rochosos [onde estão localizadas as pinturas rupestres], mas não são frequentes rabiscos”, afirma. Quando muito, são encontradas fuligens de fogueiras realizadas nas proximidades das pinturas. “O caso da Record é diferente, fruto de um profundo desconhecimento do valor das pinturas rupestres e do patrimônio arqueológico”, diz.

Questionado se é possível colocar um preço no que foi perdido, Isnardis lamentou: “É um exercício que não sou capaz de fazer… porque não tem preço. Estamos falando de outro tipo de valor. Um valor histórico, cultural, antropológico, humano, de pessoas que tinham um outro modo de vida. A pintura rupestre é o vestígio mais visível de outros povos. É inestimável”.

**Com informações do jornal El País Brasil

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