Massacre faz oito anos, com dúvidas e poucas respostas


Após oito anos do massacre de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, quando cinco trabalhadores rurais foram mortos a mando de um fazendeiro, familiares das vítimas ainda convivem com a incerteza da punição aos responsáveis e não receberam nenhuma indenização. Em 20 de novembro de 2004, 17 pistoleiros armados, comandados pelo fazendeiro Adriano Chafik Luedy, mataram os cinco trabalhadores e feriram a bala 20 pessoas, no acampamento Terra Prometida. A situação das famílias e a violência no campo serão discutidas hoje na Assembleia Legislativa, para lembrar o caso. 
Ao todo, 62 famílias ainda vivem nas terras da fazenda Nova Alegria, sobrevivendo da agricultura. Os integrantes do Movimento Sem-Terra (MST) que ainda ocupam a região onde houve a chacina, aguardam pelo julgamento dos acusados, marcado para 17 janeiro de 2013. Nenhum dos acusados está preso. 
Um decreto assinado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2009, referente à desapropriação da fazenda Nova Alegria, ainda não foi cumprido. "Vamos apresentar os documentos que comprovam que podemos ter direito às posses daquelas terras. Foi um crime brutal, que ainda não teve punição", relata Silvio Mattos, da direção do MST-MG. 
Para endossar o coro, movimentos sociais, como a Central Única dos Trabalhadores em Minas (CUT-MG), vão apoiar o MST, além de promotores, autoridades e trabalhadores. O Comitê Justiça para Felisburgo vai fazer passeata na praça Sete, na capital, hoje. "Conflitos não podem ser resolvidos com violência. Vamos lutar contra a agressão ao trabalhador", diz a presidente da CUT-MG, Beatriz Cerqueira. 

Mais casos. O MST promete levar para audiência na Assembleia documentos e processos referentes a outras chacinas envolvendo trabalhadores em Minas. "Vamos cobrar por Justiça nos casos como o de Unaí, em que foram mortos três auditores fiscais e um motorista, e no Brejo dos Crioulos, quilombo situado nos municípios de São João da Ponte, Varzelândia e Verdelândia, todos no Norte do Estado, alvo da ação de pistoleiros", relata Mattos. 
No Brejo dos Crioulos, a situação é a mesma da Nova Alegria. Quilombolas lutam pela desapropriação de imóveis rurais na região em que as famílias receberiam direito à posse das terras.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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