Sem-terra fazem protesto em Montes Claros e pedem prisão dos envolvidos no ataque em fazenda em Capitão Enéas


Uma manifestação foi realizada na tarde desta sexta-feira (16) por integrantes da Frente Nacional de Luta (FNL), Liga dos Camponeses Pobres (LPC) e Comissão Pastoral da Terra (CPT), além de assentamentos e acampamentos de cidades do Norte de Minas. Eles pedem a prisão dos envolvidos no ataque aos sem-terra acampados na fazenda Norte América, em Capitão Enéas, ocorrido no dia oito deste mês.

De acordo com os organizadores, o protesto atraiu cerca de 500 pessoas; a PM diz que cerca de 120 manifestantes participaram do ato. O grupo saiu da Praça da Estação e percorreu diversas ruas do Centro da cidade.

"A marcha é em favor daqueles que foram prejudicados pelo massacre. Pedimos assentamento imediato das famílias e a prisão de todos os envolvidos. Entendemos que o massacre não foi somente aos trabalhadores de Capitão Enéas, mas sim para todos os trabalhadores do Norte de Minas. Exigimos que os envolvidos sejam presos”, diz um dos coordenadores da FNL no estado, Geraldo Pires de Oliveira.

O ato seguiu até o Bairro Alto São João e finalizou em frente ao Parque de Exposições Geraldo Athayde. "O ataque foi planejado aqui. Ficou claro que eles queriam eliminar as lideranças. Por isso o ato é em apoio às vítimas, mas também reivindicando a reforma agrária para garantir o sustento das famílias que lá estão. Atualmente são 200 famílias cadastradas", explica o coordenador.

A Polícia Militar afirmou que o ato foi realizado de forma pacífica.

Entenda o caso
Os sem-terra invadiram a Fazenda Norte América no dia 18 de fevereiro, com cerca de 120 membros do Movimento Frente Nacional de Luta (FNL). No dia 8 de março houve um confronto na propriedade, deixando um dos coordenadores do grupo da ocupação foi baleado e outros cinco foram agredidos; no dia, seis funcionários da propriedade foram presos. O sem-terra baleado segue internado em um hospital de Montes Claros.

Devido ao conflito, uma operação das polícias Militar e Civil foi realizada no dia 11, cumprindo nove mandados de busca e apreensão. A Polícia Civil afirma que o ex-secretário de Desenvolvimento Sustentável de Montes Claros, Léo Andrade, é o principal suspeito de ser o mandante do crime na Fazenda Norte América, que também seria de sua propriedade; ele é considerado foragido pela polícia. Além de Léo Andrade, o irmão dele, Bernardo Alexandre de Andrade, e um amigo, Júlio César Cardozo Torquato, também são procurados mediante mandado de prisão.

Histórico de conflitos
As ocupações e conflitos na propriedade já ocorreram em outros momentos. Em janeiro de 2017, o movimento invadiu a propriedade sob a alegação que as terras foram adquiridas em um leilão e o valor não foi pago, e que apenas parte das terras era utilizada para a criação de cavalos de raça. Ainda segundo o movimento, a fazenda é improdutiva.

Em abril de 2017, três integrantes do MST foram baleados na Fazenda Norte América em consequência de um conflito de terra. Na época, o MST disse que eles foram vítimas de uma emboscada e que foram recebidos a tiros ao chegarem na sede da fazenda, onde participariam de uma reunião. A dona da fazenda informou que era falsa a informação veiculada sobre atos violentos supostamente praticados pela administração do local.

Um mês após o ocorrido, as polícias Civil e Militar apreenderam armas, munições e uma caminhonete durante cumprimento de dois mandados de busca e apreensão na Fazenda Norte América e na Fazenda Canoas, em Montes Claros. Na ocasião, o advogado da Fazenda Norte América lamentou o cumprimento de mandado de busca e apreensão no local devido ao conflito que ocorre entre a propriedade e integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST).

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