Diante da falta de trabalho em Janaúba, lavadeiras garantem a sobrevivência das famílias
( Por Marta Vieira) A 541 quilômetros da Belo Horizonte que se rendeu à reivindicação do corte nas despesas com o transporte público, a estudante Gisleide Pereira de Carvalho, de 18 anos, trabalha duro, sem ter a quem recorrer, para ajudar a aliviar o orçamento apertado da família. Em Janaúba, no Norte de Minas Gerais, ela se junta todo dia às mulheres que buscam sustento de filhos e maridos no leito do Rio Gorutuba, mantendo a tradição das lavadeiras ao longo do afluente do Verde Grande, um dos mais importantes fornecedores de água para o Velho Chico. Gerações preservam o costume de usar a água limpa, a poucos metros do asfalto, agora misturando um hábito dos tempos em que a cidade de 66,8 mil habitantes não era servida de sistema de encanamento à necessidade moderna da comunicação pelo telefone celular e a internet. Como no quadro de Candido Portinari (As lavadeiras, de 1943), a paisagem composta por dezenas de mulheres com água à cintura, sacudindo peças coloridas sobre tanques im