Serranópolis de Minas (MG) – O debate em torno da proposta de criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) na localidade do Gerais, em Serranópolis de Minas, continua a gerar divergências entre lideranças políticas, moradores e órgãos ambientais. O tema voltou à pauta nacional após reunião realizada em Brasília, no último dia 13 de agosto, com representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Durante o encontro, o presidente da Câmara Municipal, Lusiston Rocha, manifestou-se contrário à implantação da unidade de conservação, afirmando que a iniciativa pode trazer impactos econômicos negativos para a comunidade local.
Preocupações da comunidade
Segundo o parlamentar, famílias que vivem e produzem na área temem restrições ao exercício de atividades já consolidadas, como agricultura e pecuária – setores que sustentam a economia regional. Além disso, há receio de que a criação da RDS dificulte o acesso a linhas de crédito rural e financiamentos, instrumentos fundamentais para a continuidade das produções.
— “Não somos contra a preservação ambiental. O que preocupa é a forma como essa proposta pode afetar diretamente a subsistência e o desenvolvimento econômico das famílias que vivem há décadas nesse território”, declarou Rocha.
Audiências públicas já realizadas
O debate sobre a criação da reserva não é recente. Nos dias 25 e 26 de abril deste ano, o tema foi discutido em audiências públicas realizadas em Rio Pardo de Minas e Riacho dos Machados, municípios que, assim como Serranópolis, estão no radar do ICMBio para integrar a futura RDS.
As reuniões contaram com a presença de representantes políticos, lideranças comunitárias, produtores rurais e entidades ambientais. Durante os encontros, foram apresentados argumentos tanto a favor quanto contra a proposta, evidenciando a complexidade da decisão.
Representação política em Brasília
Em Brasília, além de Lusiston Rocha, estiveram presentes os vereadores Liu do Gerais, Tita e Willian, que representaram oficialmente o Legislativo serranopolitano. A comitiva se reuniu com o presidente do ICMBio, Mauro Oliveira Pires, reforçando a posição contrária da comunidade.
Entre conservação e economia
De acordo com o ICMBio, a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo conciliar proteção da biodiversidade com a manutenção do modo de vida das comunidades tradicionais. Esse modelo de unidade de conservação prevê regras específicas que permitem atividades produtivas sustentáveis, desde que alinhadas à preservação ambiental.
Mesmo assim, parte dos moradores permanece resistente. O impasse reflete um dilema frequente em regiões de grande valor ambiental: como equilibrar a conservação da natureza com as demandas econômicas de famílias que dependem diretamente da exploração da terra.
Próximos passos
A reunião em Brasília terminou sem consenso. Diante disso, o presidente do ICMBio sugeriu a realização de uma nova audiência pública, ainda sem data definida, para dar continuidade ao diálogo. A expectativa é de que o encontro reúna novamente representantes da sociedade civil, lideranças políticas e órgãos ambientais, em busca de um entendimento que concilie preservação e desenvolvimento.
Informações Valor Comunica
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