Janaúba: o bom exemplo da heroína que quase não é lembrado

Heley de Abreu Silva Batista

(Por Gilson Barbosa) No dia 5 de outubro de 2017, em Janaúba, a professora Heley de Abreu Silva Batista, que trabalhava na creche Gente Inocente, tornou-se uma heroína. Na ocasião, salvou pelo menos 25 crianças do ataque praticado pelo vigia da creche, Damião Soares dos Santos, que ateou fogo na sala onde Heley, de 43 anos, lecionava. Ela e mais duas funcionárias entraram em luta corporal com o criminoso para impedir o ataque e ajudar a retirar os pequenos alunos. As três morreram no hospital – Heley, com 90% do corpo queimados. Apesar de seus esforços, a tragédia resultou ainda na morte de 10 crianças e do próprio autor do crime. No total, 14 mortos. À época, Heley recebeu, a título post mortem, a Ordem Nacional do Mérito, concedida pelo ex-presidente Michel Temer, por seu gesto de coragem e bravura. Em 2019, a rodovia estadual LMG-631, que liga os municípios de São João da Ponte e Francisco Sá, recebeu o nome de Heley, que, no mesmo ano, também foi condecorada postumamente pelo governo de Minas Gerais com a Medalha da Inconfidência. Decorridos quatro anos do fato, não se viu, em qualquer noticiário ou programa de TV, mais nenhuma alusão à atitude heroica da professora. Seu exemplo de amor e coragem vai se dissipando, infelizmente, com o tempo.

Por outro lado, boa parte da mídia informa que dois filmes foram produzidos sobre Suzanne von Richthofen, que, com o namorado e o irmão deste, assassinou os próprios pais, em São Paulo, em outubro de 2002. Elize Matsunaga, que matou e esquartejou o marido em maio de 2012, é tema de livro escrito por um certo Ulisses Campbell e lançado por uma editora paulista. É personagem também de um documentário da Netflix, “Mulheres Assassinas”, que ainda recorda o crime de Suzanne e o de Ana Jatobá, cúmplice de Alexandre Nardoni, pai da pequena Isabella, morta por ambos em 2008. Reflitamos. Os bons exemplos vão sendo esquecidos; os maus mantêm-se incólumes, pois dão audiência e leitores contagiados, ávidos pela maldade humana de nossos dias. Evidencia-se uma triste inversão de valores! Vivemos, de fato, uma época muito difícil!

Comentários

  1. Infelizmente isso é uma vergonha pra nosso país que prefere dar mérito as coisas ruins do que as boas."fica aqui minha indignação"

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