Janaúba: Mulher diz ter gaze encontrada dentro dela dez dias após parto normal; médico nega acusação

PM foi até a Fundajan registrar boletim de ocorrência
feito pela família da paciente —
Foto: Paulo Henrique Ribeiro Soares/ Arquivo pessoal

(G1) Uma mulher de 32 anos registrou um boletim de ocorrência junto a Polícia Militar de Janaúba nesta terça-feira (18) em que acusa um médico de ter esquecido uma gaze, geralmente utilizada para fazer limpeza de curativos, dentro do corpo dela. A paciente da Fundação Hospitalar de Janaúba (Fundajan) foi submetida a um parto normal há dez dias e foi internada na mesma unidade de saúde na noite dessa segunda (17); a família relata que a mulher sentiu dores, febre e pressão alta e por isso resolveu procurar atendimento.

Segundo a família da paciente, ela foi atendida pelo mesmo médico que realizou o parto e ele teria encontrado a gaze que esqueceu dentro dela. A irmã da mulher diz que ela recebeu alta na manhã desta terça e que passa bem. Ela relata que a mãe viu o momento em que o médico retirou a gaze da região vaginal da irmã e jogou no lixo, e por estar assustada com a situação resolveu recolher o material junto às luvas descartadas da lixeira.

“Ele tirou a gaze de dentro da vagina dela e jogou no lixo, junto a restos de placenta. Ele até tentou esconder com as luvas, já foi retirando a luva e enrolou na gaze para disfarçar e jogou fora. Minha mãe resolveu recolher porque a situação é muito absurda, aí tiramos a foto para registrar”, conta Jéssica Karine De Jesus Machado, irmã da paciente.

A paciente desconfiou que algo estava errado porque a suposta gaze esquecida provocava mau cheiro e dores, segundo familiares. Jéssica conta ainda que a família teve problema com o médico desde o dia do parto porque a irmã não foi submetida a cirurgia cesárea.

“Ela estava com pressão alta e sentindo muitas dores. Mesmo assim, ele disse que não havia recomendação para cesárea e ela ficou horas em trabalho de parto. Houve demora no atendimento, muita dificuldade. A pediatra até disse que uma alteração nos olhos do bebê pode ser por conta do parto normal forçado”, diz.

A família da paciente informou que protocolou uma denúncia junto ao Ministério Público no fim da tarde desta terça-feira (18).

O que dizem os responsáveis pelo atendimento
No boletim de ocorrência, o médico que atendeu a paciente informou que ela esteve internada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que passou por trabalho de parto sem apresentar nenhum estado de emergência que exigisse cesariana.

Por telefone, o médico confirmou ao G1 que fez um segundo atendimento à paciente nessa segunda e que não sabe como a família chegou à conclusão de que ela estivesse com uma gaze esquecida dentro dela.

“Não sei como chegaram a essa conclusão. Recebi um plantão semana passada e eles estavam lá interessados em fazer cesárea, mas não tinha indicação. Foi feito um parto normal. Depois de 10 dias eles me procuraram no hospital, alegando que ela sentia dores. A episiotomia [corte feito para ampliar canal de parto] estava infeccionada, e uma outra médica já havia passado antibiótico. Ontem eu examinei, o corte estava normal, mas tinha secreção. Fiz um toque e tinha um coágulo de sangue e pus. Eu orientei ela a continuar tomando antibiótico e limpei, só isso”, explica.

O médico disse que acredita que a família ficou insatisfeita por não ter sido feita a cesariana. “Isso tudo partiu de um parto que não foi cesárea como eles queriam. Eles estão tentando por algum intuito me prejudicar, mas não vão prejudicar não”, diz.

O membro da comissão interventora responsável pelo hospital, Bruno Ataíde, também foi procurado pelo G1 e afirmou que a Fundajan vai apurar o caso. “O hospital vai apurar o caso junto ao diretor técnico. O diretor vai checar prontuário, fazer todo trâmite para apurarmos a conduta do profissional. O médico relata que não é uma gaze. Até então, o que a gente sabe é pelas redes sociais, mas ainda não fomos notificados pela ouvidoria. Estamos agindo para apurar os fatos e depois nos manifestar”, diz.

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