Construtora devolve obra a CODEVASF por falta de pagamento, enquanto barragem perde volume


Sede da construtora Gel na Colonização II em Nova Porteirinha.
(Por Ivo Júnior) Mesmo diante das piores constatações sobre a realidade hídrica de Janaúba e toda a região Norte Mineira. Mesmo diante de tantas promessas por parte dos gestores quando acionados pela imprensa e conseqüentemente pela população, a classe política parece não entender a necessidade real de se fazer ações de combate ao desperdício de água na região.
Nesta terça feira, 07 de julho, a reportagem da Rádio Onda Norte FM recebeu a informação que a Construtora GEL, responsável pela obra de mudança no sistema de canalização de água no Projeto Gorutuba, estava devolvendo a referida obra para a CODEVASF, devido à falta de pagamento. A CODEVASF acumula uma dívida de R$ 10 milhões com a construtora. Em contato com funcionários da construtora, foi informado que desde dezembro o órgão não está realizando o pagamento, o que acabou dificultando os compromissos assumidos junto aos fornecedores por parte da construtora.
A reportagem tentou fazer contato por três vezes com o Superintendente Dimas Rodrigues, mas, todas as ligações foram atendidas por assessores que afirmavam ele, estar impossibilitado de falar no momento.  Na Manhã dessa quarta feira, depois de mais um tentativa o Superintendente retornou a ligação alegando não estar ciente da situação. Disse que entraria em contato com o diretor de obras do órgão para se inteirar da real situação e posteriormente daria um retorno ao jornalismo da Rádio Onda Norte.
A obra de mudança no sistema de canalização da água que é usada para irrigação e abastecimento no Projeto Gorutuba, há muito tempo vem sendo cobrada pela população de Janaúba e Nova Porteirinha que presencia regularmente o desperdício, causado pela má qualidade das canaletas. O sistema atual é antigo, somando 36 anos de implantação e pouca manutenção durante esse período. Ao percorrer o Projeto é comum ver vazamentos de grandes proporções por todo o trajeto, o que gera um desperdício de mais 60% da água que é retirada do lago da barragem Bico da pedra.
Aliado ao desperdício esta a escassez de chuva que vem se intensificando a cada ano no Norte de Minas. As Chuvas esse ano foram abaixo da média, o que acendeu um alerta para a população que precisa da água para o abastecimento humano e para o agronegócio. Engana se quem defende que deva parar o fornecimento de água para o agronegócio. A economia gerada no município que não conta com indústrias é movimentada na maior parte pela prestação de serviços e esta prestação de serviço e fomentada na sua maioria pelo agronegócio.
Em consulta ao Distrito de Irrigação do Gorutuba nesta quarta feira, 08 de julho, foi constatado que o nível de água da barragem Bico da Pedra encontra-se, há apenas 90 centímetros para atingir o volume considerado crítico, onde é preciso usar bombeamento artificial para retirar a reserva de água que fica abaixo do volume morto.
Com a paralisação da obra, mais, uma vez a necessidade do povo fica em ultimo plano. Além do desperdício de água que continuará acontecendo, colocando em risco o abastecimento de dois municípios que juntos somam cerca de 100 mil pessoas, gerando um PIB de mais de R$ 600 milhões, podendo causar pela primeira vez um racionamento de água. Outro problema é que historicamente no Brasil as obras que paralisam e são devolvidas ao governo, dificilmente são retomadas. Com isso é mais uma remessa de dinheiro público que foi gasto e que ficará enterrado como os canos que já foram colocados. Além do desperdício de água existe também o desperdício de dinheiro público.

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