Alerta contra importação de bananas vindas do Equador

Comércio de banana na Ceasa: exportações equatorianas são dominadas por gigantes dos Estados Unidos
Após a instrução normativa publicada pelo Ministério de Agricultura no mês passado, que abriu as portas do país à importação de bananas, algumas redes supermercadistas já demonstraram interesse em comprar o produto do Equador, maior exportador do mundo do produto.
Apesar de nenhum registro de embarque ter sido concretizado até o momento, entidades que representam os bananicultores brasileiros alertam que, caso as negociações em andamento se concretizem, a importação trará risco de ingresso de pragas já confirmadas no Equador e inexistentes no Brasil.
A safra nacional deste ano é estimada em 7,1 milhões de toneladas, em uma área cultivada de 500 mil hectares. Minas Gerais, o quarto maior produtor nacional e responde por 740 mil toneladas, com o cultivo concentrado no Norte e Vale do Jequitinhonha.

Estrutura
“A entrada de banana importada só não aconteceu porque ainda não estão montadas as estruturas de recebimento e distribuição. Sabemos que algumas redes de supermercado já fizeram cotações de preço”, afirmou Pierre Vilela, coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas gerais (Faemg).
Segundo Vilela, pelas regras vigentes desde a instrução normativa, não existem outras barreiras à entrada do produto equatoriano que não seja a burocracia dos procedimentos e a infraestrutura da operação de importação. “É uma papelada, mas que não impede o desembarque do produto. Uma navio carregado de banana já interfere consideravelmente no mercado interno”, disse. O reflexo se daria em todo o país, já que a banana é o único produto agrícola cultivado em todas as 27 unidades da federação.
Vilela explica que o reuso de embalagens, prática comum no Brasil pela falta de fiscalização, tem potencial para proliferar bactérias e fungos. “No Equador, o incidência de algumas pragas é tão forte que semanalmente se faz aplicação de agrotóxico”, disse.
Estão instalados no Equador os maiores players globais de fruticultura, originários dos Estados Unidos, lembrou o presidente da Confederação Nacional dos Bananicultores (Conaban), Dirceu Colares. “Lá, a mão de obra é barata, a legislação ambiental é mais frágil e o produtor tem mais escala. Isso torna o produto mais barato”, afirmou.
Dirceu Colares informou que apenas Janaúba, cidade polo da produção de banana em Minas, a atividade emprega 15 mil trabalhadores diretamente. Em encontro com o ex-ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, o argumento oficial seria o de equilibrar a balança comercial com o país, vizinho, hoje deficitária para o Equador, que tem um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do continente.
“Na primeira semana de maio temos encontro com o governo federal, mas com viés mais político. Estamos realizando levantamento fitossanitário para posteriormente apresentar ao Ministério de Agricultura”, disse o presidente da Conaban.

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