Jaíba está pronto para crescer

Megaprojeto. No perímetro irrigado do Jaíba, que abrange 42 mil hectares, se destaca produção de frutas e verduras, muitas exportadas
Os agricultores da região do Jaíba, no Norte de Minas, e o governo do Estado aguardam para o fim deste mês uma solução para o impasse em torno do aumento da produção na região. Um decreto de 2008, que regulamentou a chamada Lei da Mata Seca (11.428/06), impede a expansão de 21 mil hectares na área irrigada do Jaíba. Se utilizada, essa área poderia gerar 30 mil empregos, entre diretos e indiretos.
Em reunião de mais de três horas, na última quinta-feira, na sede do Ministério da Integração Nacional, em Brasília, ficou encaminhada uma definição favorável aos produtores, segundo informações do secretário de Estado para Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, Gil Pereira. "Uma nova reunião já está agendada para daqui a dez dias e esperamos uma definição para o caso", diz.
Representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Ministério da Integração Nacional, do governo de Minas e da Comissão de Desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha (Codevale) devem formar uma comissão para elaborar pareceres jurídicos sobre a questão do Jaíba. O principal argumento para a liberação dos 21 mil hectares protegidos pela Lei da Mata Seca é que os pedidos de irrigação para a área foram feitos antes da aprovação da legislação, em 2006. Além disso, uma área de 330 mil hectares de reserva de Mata Atlântica estaria protegida.
Mesmo sem contar com essa eventual expansão, o Jaíba (que abrange sete cidades) é o maior projeto de irrigação da América Latina, com 42 mil hectares de área irrigada. De acordo com os cálculos do secretário, a expansão da área irrigada representaria investimentos de R$ 280 milhões ao ano.
Encontros. A reunião em Brasília aconteceu após uma visita do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, ao Jaíba, há duas semanas. "Ele não conhecia a região e ficou muito impressionado", revelou Gil Pereira.
Durante a visita, lideranças políticas locais e técnicos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que representa os produtores locais, apresentaram o projeto de extensão dos canais do Jaíba até a barragem do Estreito, localizada entre as cidades de Espinosa e Urandi, na Bahia. "A visita foi importante para mostrar que o Jaíba é um exemplo de desenvolvimento sustentável e tem grande importância econômica".


Município é o campeão do ranking estadual
Em 2012, as exportações de frutas e derivados da região do Jaíba somaram US$ 997 mil, com total de 1.300 toneladas. Com o resultado, o município de Jaíba ocupou a liderança nas exportações de frutas de Minas Gerais. O volume representou 100% das exportações do Norte de Minas.
O limão é o principal item na pauta de exportações, que também tem banana, uva, atemoia e manga Palmer. No resultado do ano passado, a venda de limão respondeu por 84,8% do total exportado.
O município exportou para nove mercados. A Holanda foi a principal compradora, com US$ 518,47 mil, o que corresponde à metade do total. Os outros destinos são Reino Unido, com 19% da exportação, Dinamarca, com 16,9%, Argélia (2,9%), Bélgica (2,6%), Uruguai (2,5%), Estados Unidos (2,3%), Alemanha (1,7%) e Colômbia (1,4%).


Marca é lançada em Berlim
De toda a produção de frutas da região do Jaíba, cerca de 60% tem como destino o mercado externo. E o objetivo dos produtores é ampliar esses negócios. No último dia 7, representantes da Associação Central dos Produtores do Norte de Minas (Abanorte) lançaram, em Berlim, a marca "Região do Jaíba". A apresentação foi feita para 20 importadores que participaram da Fruit Logística, o maior evento do mundo para o setor de frutas, verduras e legumes.
A marca já havia sido lançada no começo do ano em Minas Gerais e tem como um dos principais objetivos ser um certificado de qualidade dos produtos.
"Embora não seja um selo, a marca do ‘Região do Jaíba’ garante aos compradores que o produto é de grande qualidade e que foi feito nas melhores condições possíveis", explicou Sérgio Lourenço, superintendente de Desenvolvimento Empresarial da Fiemg, uma das entidades parceiras no projeto.
O investimento total para o lançamento da marca foi de R$ 4,2 milhões e teve também o envolvimento do Sebrae-MG, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Abanorte.



Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com

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