Um caso que chocou Porteirinha e toda a região Norte de Minas Gerais veio à tona na tarde desta terça-feira (18/11), quando a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) deflagrou a Operação Mão Invisível, que desmontou um esquema considerado sofisticado, frio e sistemático de fraudes financeiras praticadas, segundo as investigações, por uma servidora pública da área da saúde do município.
A agente comunitária de saúde, servidora efetiva da Prefeitura de Porteirinha desde 2016, é investigada pelos crimes de estelionato, falsidade documental, apropriação de aposentadorias e lavagem de dinheiro — um conjunto de delitos que, conforme a polícia, vinha sendo cometido de forma calculada e reiterada contra idosos de várias comunidades rurais.
O golpe da confiança: idosos eram alvo preferencial
As investigações apontam que a servidora se valia da função pública e da relação de proximidade com moradores, especialmente idosos atendidos pelo sistema de saúde. Com o pretexto de realizar supostas “atualizações cadastrais” do SUS, ela coletava fotografias, documentos e dados sensíveis das vítimas.
A partir disso, segundo a Polícia Civil, eram formalizados:
• empréstimos consignados fraudulentos,
• abertura de contas bancárias clandestinas,
• desvio de aposentadorias,
• e movimentações financeiras para ocultar a origem ilícita dos valores.
Tudo isso sem qualquer conhecimento ou autorização das vítimas, muitas delas residentes no distrito de Paciência e também em outras localidades do município.
Apreensões revelam a dimensão do esquema
Durante o cumprimento dos mandados, a Polícia Civil apreendeu na casa da investigada e na residência de seu esposo:
• celulares,
• comprovantes bancários suspeitos,
• cartões e documentos de terceiros,
• anotações sobre possíveis vítimas e movimentações financeiras,
• além de outros materiais que, segundo os investigadores, têm ligação direta com os crimes.
O material será analisado por equipes técnicas e periciais para confirmar fraudes e identificar novos lesados.
Delegado fala em gravidade e possível participação de terceiros
O delegado André Brandão, responsável pelo caso, afirmou que há fortes indícios de que o número de vítimas é maior do que o identificado até o momento. Parte delas já foi localizada e outras estão em fase de confirmação.
“Os fatos revelam um esquema grave, reiterado e altamente lesivo, que explorava a vulnerabilidade de idosos e a confiança inerente à função pública. Não descartamos a participação de terceiros, hipótese que está sendo apurada. A extração e a perícia dos celulares e dos documentos apreendidos serão essenciais para rastrear o fluxo do dinheiro e identificar toda a cadeia criminosa”, declarou.
A servidora foi presa preventivamente e conduzida ao Sistema Prisional, onde permanece à disposição da Justiça.
Administração de Porteirinha reage
A reportagem entrou em contato com a Administração Municipal de Porteirinha, que confirmou que, diante da gravidade dos fatos, a servidora será exonerada do cargo.
Segundo a Prefeitura, não há necessidade de processo administrativo interno, uma vez que a própria natureza dos crimes investigados — praticados no exercício da função pública e já formalizados pela autoridade policial — permite a exoneração imediata.
A gestão informou ainda que colabora com as autoridades sempre que solicitado e reforça que o caso não representa o compromisso e a conduta ética esperada dos servidores públicos do município.
Investigações continuam
A Polícia Civil mantém as diligências para identificar novos envolvidos e ampliar o mapeamento das vítimas. O caso segue em sigilo processual, e novas fases da operação podem ser deflagradas conforme avanço da perícia.
A Operação Mão Invisível expõe um esquema que, segundo os investigadores, se escondia atrás da confiança da população — e que agora começa a ser completamente desmantelado.
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