Trabalhador rural de São João da Ponte poderá ter morte investigada a pedido do deputado estadual Ricardo Campos


O deputado estadual Ricardo Campos (PT) quer que Secretaria de Justiça e Segurança Pública responsabilize envolvidos na morte de Jerry Ferreira da Silva, 39 anos.

O deputado estadual Ricardo Campos (PT) quer que a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do governo Romeu Zema (Novo) investigue eventual negligência ou omissão de socorro a um trabalhador rural morto sob a custódia do Presídio Alvorada, em Montes Claros, Norte de Minas Gerais. O deputado encaminhou um requerimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (5 de março).

Jerry Ferreira da Silva, 39 anos, morreu na última quinta (27 de fevereiro), três dias após ser transferido da cadeia de São João da Ponte, sua terra natal, para o Presídio Alvorada, cuja administração é da Secretaria de Justiça e Segurança Pública. Diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin, o homem, preso após não pagar a pensão alimentícia da filha de 13 anos, teria tido o quadro de saúde agravado após perder o acesso à medicação para o controle da doença. O câncer, que tem origem no sistema linfático, estava em fase de metástase.

Para Ricardo, o caso evidencia “falhas graves” na administração do Presídio Alvorada, especialmente no “tratamento de detentos em situação de vulnerabilidade e portadores de doenças graves”. “A privação de liberdade imposta pela legislação não pode, em nenhuma hipótese, ser convertida em uma sentença de morte pela omissão ou negligência do Estado”, argumenta o deputado, que também é presidente da Comissão de Participação Popular.

Caso aprove o requerimento de Ricardo, a Comissão de Direitos Humanos, presidida pela deputada Bella Gonçalves (PSOL), encaminhará um pedido formal de providências à Secretaria de Justiça e Segurança Pública. Questionada pelo Aparte, a secretaria não se manifestou se já instaurou uma investigação administrativa para apurar a morte de Jerry. Tão logo se manifeste, o posicionamento será acrescentado. O espaço segue aberto.

Relembre o caso
Foi sepultado na manhã desta sexta-feira (28/2), no Cemitério Municipal de São João da Ponte, no Norte de Minas Gerais, o corpo do trabalhador rural Jerry Ferreira da Silva, de 39 anos. Ele, que havia sido diagnosticado com câncer, foi preso por não pagar pensão alimentícia e teve o quadro de saúde agravado na cadeia.

Jerry era portador de Linfoma não-Hodgkin, com metástase. Morador da Zona Rural de São Joao da Ponte, foi preso no dia 4 de fevereiro e encaminhado para a cadeia pública do município. O pagamento da pensão alimentícia foi cobrado por uma ex-companheira do homem, com quem tem uma filha de 13 anos.

Na última segunda-feira (24/02), o trabalhador rural foi transferido para o Presídio Alvorada, em Montes Claros. Na unidade, são mantidos detentos albergados, de bom comportamento ou de crimes mais leves, como de atraso e não pagamento de pensão alimentícia.

Na tarde de terça-feira (25/02), Jerry passou mal no presídio. Ele foi encaminhado ao serviço médico e voltou à unidade prisional. Na manhã de quarta-feira (26/02), o estado do detento se agravou e ele foi encaminhado para o Hospital Dilson Godinho, onde morreu às 5h17 de quinta-feira (27/02). No atestado de óbito foi declarado que ele faleceu decorrência do Linfoma não-Hoddgkin.

Localizada pela reportagem, uma sobrinha de Jerry (que não quis se identificar) disse que a família dele ficou revoltada com a situação e com a morte do tio. Ela afirma que o homem foi transferido para o presídio de Montes Claros sem que levasse os remédios que tomava para controle da doença. Por isso, o seu quadro se agravou.

A jovem disse que somente na quarta-feira ficou sabendo que o tio estava sem tomar os medicamentos de controle dos sintomas do câncer. Na madrugada do dia seguinte, ela foi chamada a comparecer ao hospital numa situação de emergência. Chegando lá, foi informada da morte do trabalhador rural.

“Talvez, se tivesse levado os remédios, ele não teria morrido”, lamenta a fonte. A familiar revelou que Jerry Ferreira da Silva foi diagnosticado com câncer há quatro anos. Ela disse, também, que o trabalhador rural morava com uma mulher na comunidade de Virgínia, perto da área urbana de São Joao da Ponte, enquanto a mãe dele reside na localidade de Vereda, também na zona rural do município.

A sobrinha de Jerry disse que não sabe quanto o lavrador estava devendo de pensão da filha. Afirmou que só tem conhecimento de que, devido ao câncer, o homem estava sem trabalhar, recebendo apenas o benefício do Programa Bolsa-Família, no valor de R$ 600, “que mal dava para pagar os remédios”.

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