Escola Indígena Xukurank, em São João das Missões, vai passar por vistoria para avaliar prejuízos após incêndio

 

(Por Michelly Oda, G1 Grande Minas) A Escola Estadual Indígena Xukurank, em São João das Missões (MG), deve passar por uma vistoria para avaliar os danos causados por um incêndio que atingiu o local na madrugada desta quinta-feira (24). Ninguém ficou ferido.

A Secretaria de Estado de Educação informou que está ciente da situação e que a Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Januária, responsável pela coordenação da unidade, segue acompanhando o caso, dando suporte e orientação para a direção do educandário.
 

“A equipe de inspeção escolar e o engenheiro da SRE Januária farão uma vistoria amanhã no local para verificar os danos e elaborar uma planilha de serviços para reparo da estrutura danificada e reposição dos equipamentos perdidos”, informou a SEE por meio de nota.


O cacique Domingo Nunes desabafou e afirmou acreditar que o incêndio foi criminoso.
“Foi um crime bárbaro contra todo o nosso povo, contra a nossa educação. A gente espera que a justiça possa tomar as providencias e chegar aos autores que praticou esse crime tão bárbaro.”

A SEE esclareceu que o fogo atingiu o local onde funcionava a parte administrativa da escola, consumindo materiais e equipamentos da secretaria e da diretoria.

“As outras edificações da escola, onde funcionam as salas de aula e outros espaços escolares, não foram danificadas. Foi registrado um boletim de ocorrência para devida apuração dos fatos pelos órgãos de segurança.”


Atualmente, as atividades da escola, que atende a 204 alunos, da educação infantil até o ensino médio, estão ocorrendo de forma remota.

“Ainda não há previsão para o retorno presencial nas escolas do município de São João das Missões. Portanto, as atividades dos estudantes não serão prejudicadas.”


Além da escola, o incêndio ainda atingiu a Casa de Medicina Tradicional da Aldeia Barreiro Preto.


“Foi colocado fogo criminalmente e todos os arquivos da história da nossa escola foram queimados. Além dos arquivos da secretaria, queimou todos os computadores e a nossa Casa de Medicina, que é uma das principais casas que a gente tem da medicina tradicional, no qual estamos sempre lutando para preservar”, lamentou o cacique.

Investigação
A Polícia Militar esteve em São João das Missões na manhã desta quinta e informou que ninguém presenciou o início do incêndio. Mas destacou que as equipes estão empenhadas no levantamento das informações e na identificação de possíveis suspeitos. 

 

Na tarde desta quinta, uma equipe da perícia da Polícia Civil também esteve na escola.


“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) auxilia nas investigações, já que a competência para investigar crimes desta natureza (cometidos contra as comunidades indígenas) é da Polícia Federal (PF). Em colaboração aos trabalhos investigativos, a Polícia Civil deslocou equipe da perícia criminal de Montes Claros ao local, onde o perito realiza todos os exames necessários. Assim que o laudo pericial estiver concluído, a PCMG enviará à PF”, destacou por meio de nota.


Por telefone, o prefeito de São João das Missões, Jair Cavalcante Barbosa, disse que espera que a justiça seja feita.
“Tudo indica que foi um ato criminoso. Como autoridade do município, eu exijo que seja feito um processo de investigação. Se ficar comprovado, que o criminoso pague pelos seus atos”.