Protesto de caminhoneiros impede escoamento da produção de frutos no Norte de Minas

Greve dos caminhoneiros reflete na falta de combustíveis
em Janaúba, gerando filas quilométricas nos postos.

(G1) O protesto dos caminhoneiros impede o escoamento de diversos frutos produzidos no Norte de Minas. Somente na região de Jaíba, segundo a Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), o prejuízo financeiro com a perda da produção de banana é incalculável, já que os veículos que carregaram não conseguiram chegar aos locais de destino.

"São carregados 500 caminhões semanalmente. Isso, somente de produtos gera uma perda em torno de R$ 18 mil por caminhão. Os poucos caminhões que saíram daqui carregados estão parados em postos de combustíveis com a mercadoria estragando", diz o diretor presidente da Abanorte, Saulo Bresinsnki Lage.

O mesmo problema é constatado por uma empresa que comercializa frutas na região. Segundo o gerente geral operacional, Dailton dos Santos Ferreira, são comercializados e transportados frutas para diversas cidades das regiões centro-oeste e sudeste do país. Ao todo, 80 caminhões são carregados semanalmente para atender a demanda.

"Na segunda-feira (21) saíram nove caminhões, mas estão parados em rodovias de acesso à São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília (DF). Nós não colhemos mais nada, isso faz com que o problema aumente, pois o fruto vai amadurecer no pé e será impossível comercializar", diz.

Na cadeia produtiva da empresa, de acordo com o gerente, estão 300 funcionários que também paralisaram os trabalhos após o protesto dos caminhoneiros. "Isso não tem como calcular, pois se o trabalhador está disponível e não usamos sua mão de obra, nós temos que arcar. Apesar de termos este prejuízo, vemos que o protesto é legítimo, pois o que acontece hoje não é reflexo de agora. Porém, tem de se cobrar algum retorno do governo, senão cada um irá arcar seu prejuízo e a coisa permanecerá do mesmo jeito", diz Dailton dos Santos, que disse ainda que foram doados pela empresa algumas frutas para os caminhoneiros que participam do protesto.

O gerente da Central de Abastecimento do Norte de Minas (Ceanorte), Flávio Reis, afirma que já sentiu os efeitos nos produtos que são comercializados na Central em Montes Claros. De acordo com Reis, em alguns produtos já foram registrados um aumento de até 20%.

“Muitos produtos chegam em menor quantidade e muitos nem recebemos. Teve uma queda drástica no volume de produtos como o tomate e a batata. O valor normal do saco da batata, por exemplo, é de R$ 50,00 e ontem na feira foi vendido por até R$ 150,00. Tem carga de cenoura parada na região de Patos e carga de manga em Salinas. E a tendência é que o preço aumente à medida em que vai diminuindo o abastecimento”, comenta.

Protesto na região
O protesto dos caminhoneiros contra o preço dos combustíveis chega ao quarto dia de forma pacífica em Montes Claros. Na BR-251, mais de 350 caminhoneiros permanecem parados no estacionamento de um posto de combustíveis. Em Janaúba, mais de 100 caminhoneiros aderiram à paralisação e estão parados na rodovia MG-122. 


A rodovia MG-401, em Jaíba, também foi fechada pelos manifestantes no trevo de acesso ao Distrito de Mocambinho. Caminhoneiros também protestam em frente a um posto de combustíveis na BR-365, em Montes Claros.

Segundo representante da Minaspreto, Gildeon Gonçalves, caminhoneiros fecharam a base de distribuição de combustíveis em Montes Claros na manhã desta quinta-feira, o que pode provocar a falta de combustíveis na cidade.

Falta de combustíveis
Em algumas cidades do Norte de Minas, os postos de combustíveis estão desabastecidos. Em Salinas, no fim da tarde desta quinta-feira (24), o último posto que ainda possuía etanol nos tanques teve o estoque esgotado. Desde o início da tarde, os postos estavam sem gasolina.

A Associação Comercial e Indústria de Salinas confirmou que, até as 14h, os estabelecimentos de combustíveis confirmaram que poderiam ter os tanques esvaziados. A movimentação nos postos a procura de abastecimento foi intensa.

O que diz o sindicato
O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Montes Claros informou ao G1 que foi realizada uma cúpula entre as centrais em Brasília nessa quarta para discutir os rumos da paralisação e a adesão de caminhoneiros de empresas. Inicialmente, apenas os autônomos reivindicavam, mas no momento a classe de profissionais contratados também aderiram ao movimento. Situação que preocupa as centrais sindicais.

O sindicato de Montes Claros disse que as decisões tomadas na reunião de serão divulgadas ainda na tarde de hoje.

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