Em 10 anos, índice de vulnerabilidade social cai 28,5% no Norte de Minas

(Créditos: Julio Mendes/Editoria de Arte/G1 GM)
(G1) A qualidade de vida nas cidades do Norte de Minas Gerais melhorou. A constatação é feita com base no Atlas da Vulnerabilidade Social elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados dos últimos censos do IBGE. O G1 fez levantamento entre os 89 municípios da região. Os números revelam que o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) caiu 28,5% em 10 anos. No estado a queda foi de 30%, já a média brasileira foi de 27%.
O IVS varia de 0 a 1, sendo que quanto maior o índice, pior é o nível de vulnerabilidade. Municípios com pontuação de 0,201 a 0,300 são considerados com baixo IVS; com nota de 0,301 a 0,400 o índice é médio; o IVS é alto se ficar entre 0,401 a 0,500; e se a nota for de 501 a 1 o município é considerado com muito alta vulnerabilidade social.
Em 2000, 89% das cidades da região tinham o IVS considerado muito alto; em 2010, a quantidade de municípios nessa categoria caiu para 11%. No primeiro ano tido como base para a pesquisa, não havia nenhuma cidade na categoria de baixa vulnerabilidade; 10 anos depois, duas alcançaram o índice; Pirapora e Montes Claros, sendo que a última conseguiu a melhor nota; 0,220.
O IVS é medido com base em 16 parâmetros dentro das áreas de educação, saúde, infraestrutura, renda e trabalho. Na maior cidade do Norte de Minas, com 394 mil habitantes, segundo o IBGE, a taxa de desemprego (-44%) e de analfabetismo (-37%) caíram. Em Pirapora, com população de 56 mil, o número de pessoas maiores de idade que não estudam ou não trabalham também registrou queda; 34%.
Cícero Gomes Santos tem 27 anos e conseguiu o primeiro emprego aos 17. Até hoje trabalha em uma loja de confecções na cidade ribeirinha como vendedor. Para ele, melhoraram as oportunidades no Comércio. "Mas, como estou cursando Licenciatura em Geografia, pretendo mudar de área em 2017, quando me formar", comenta.

Verdelândia se mantém com 'muito alta vulnerabilidade'

Em Verdelândia, que tem 9 mil moradores, também houve melhora no índice de vulnerabilidade, porém pouco significativa. No município, o IVS passou de 0,761 para 0,526, ou seja, manteve-se na casa das cidades enquadradas com muito alta vulnerabilidade, tendo o pior IVS de toda a região.
De acordo com a secretaria municipal de Assistência Social de Verdelândia, o principal problema do município é a falta de oportunidades de emprego. A prefeitura fez um levantamento com as famílias que vivem na cidade e identificou que a maioria dos adultos trabalha na informalidade ou sobrevive com benefícios sociais do Governo.
"Aqui não tem indústrias, o comércio é fraco e muita gente trabalha em fazendas da região no cultivo de frutas. Porém, por conta da seca, muitas pessoas estão sendo demitidas", explica a secretária de Assistência Social, Rosana Barbosa da Rocha.

O que motiva as desigualdades sociais
Para a Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (AMAMS), a desigualdade social existente entre as cidades da região tem diversos motivos. Um deles é que a população ainda tem dificuldade de acesso às políticas públicas de saúde e educação, principalmente em municípios que têm maior extensão rural.
"Para melhorar, é necessário que haja uma descentralização das políticas, que tenham mais equipes atendendo na roça, melhores condições de deslocamento e até de saneamento", destaca Luiz Lobo, secretário-executivo da AMAMS.

Educação faz a diferença
Gilmar Ribeiro dos Santos, doutor em Educação e Ciências Sociais, também defende a necessidade de políticas mais consistentes para mudar a região de forma mais intensa. No entanto, há motivos para comemorar, especialmente quanto à Educação. "A média de anos de estudo aumentou, e o analfabetismo diminuiu. Isso revela melhoria no nível intelectual da população", destaca.
Em Montes Claros, o Índice de Desenvolvimento Humano, na dimensão Educação, melhorou 34%. Há 21 instituições de Ensino Superior na cidade, que se consolidou como pólo universitário.
Aurelita Serra, aguardou por anos os filhos "conquistarem mais independência e concluírem os estudos", e, aos 46 anos de idade, decidiu fazer o curso que sempre sonhou: Serviço Social. Entrou na faculdade em 2008. "Não foi fácil. Fiquei desempregada, quase tranquei a faculdade, mas não desisti e consegui me formar em 2012", diz.
Assim que se formou, Aurelita conseguiu trabalho na área. Hoje, como assistente social na maior escola municipal da cidade, se sente realizada. "Estou muito, muito feliz por fazer o que eu gosto. Hoje tenho muito mais qualidade de vida".

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