A tranquilidade que sempre marcou o interior de Taiobeiras, no Norte de Minas Gerais, deu lugar a um clima de tensão, medo e indignação. Denúncias cada vez mais graves apontam a existência de um esquema criminoso organizado que estaria por trás de invasões, extorsões e “sequestros” de propriedades rurais — especialmente fazendas com plantações de eucalipto, que se tornaram o novo alvo da cobiça na região.
O caso, que vem sendo investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, revela um cenário digno de filme policial: fazendeiros ameaçados, grupos articulados, e até advogados suspeitos de participar de um sofisticado esquema de usurpação de terras.
Uma quadrilha estruturada e poderosa
As investigações indicam que o grupo criminoso atua com método e frieza, escolhendo propriedades específicas para invadir e pressionando os donos a pagarem para reaver o que é deles por direito. O mecanismo é tão perverso quanto engenhoso: os criminosos ocupam as fazendas, alegando “direitos sobre a terra”, e em seguida oferecem aos proprietários um “acordo” financeiro para desocupar a área.
Autoridades definem o golpe como uma nova modalidade de crime rural — o chamado “sequestro de terras”. A prática, segundo especialistas, mistura esbulho possessório, extorsão e associação criminosa, configurando uma ameaça real ao direito de propriedade e à paz no campo.
Advogados sob suspeita
A trama, segundo fontes ligadas à investigação, vai muito além de simples invasores. Há fortes indícios de participação de advogados — alguns de Taiobeiras e outros de Várzea da Palma — que estariam orientando e dando respaldo jurídico às ações ilegais. Caso as suspeitas se confirmem, eles poderão responder não apenas por crimes comuns, mas também por graves violações ao Código de Ética da OAB, o que pode levar à cassação de registro e prisão.
Um dos líderes do grupo seria um homem já conhecido das autoridades por envolvimento em agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro, utilizando uma empresa de locação de veículos como fachada para movimentar os recursos do esquema.
Esquema pode ter ramificações interestaduais
A ousadia dos criminosos vai além das fronteiras mineiras. Investigações apontam a presença de envolvidos vindos do estado de São Paulo, o que sugere uma organização de alcance interestadual, com logística e estrutura profissional. “Não se trata de invasões isoladas. Estamos diante de uma rede articulada, com divisão de funções e interesses econômicos claros”, afirmou uma fonte próxima à investigação.
Fazendeiros aterrorizados e prejuízos milionários
Produtores rurais e empresários do setor de carvão vegetal e silvicultura estão entre as principais vítimas. Eles relatam noites sem dormir, medo de represálias e prejuízos milionários com as invasões. Muitos preferem o silêncio, temendo retaliações.
“É um absurdo! Trabalhamos a vida inteira, temos escritura, registro, tudo legalizado. E de uma hora para outra aparece gente querendo tomar o que é nosso, exigindo dinheiro para sair. Isso é terrorismo rural!”, desabafou um produtor que pediu para não ser identificado.
Autoridades prometem resposta dura
O Ministério Público de Minas Gerais e as forças policiais da região estão unindo esforços para desmantelar o esquema. A prioridade agora é identificar todos os envolvidos, bloquear bens e interromper a atuação da quadrilha.
Fontes próximas às investigações afirmam que prisões preventivas e bloqueios judiciais poderão ser decretados nos próximos dias. O caso é tratado como prioritário, dada a gravidade dos impactos econômicos e sociais na região.
Clima de tensão no campo
Enquanto a apuração avança, o clima no interior de Taiobeiras é de alerta e apreensão. Fazendeiros reforçam a segurança em suas propriedades, e a comunidade rural teme uma escalada de violência.
“Se as autoridades não agirem rápido, o campo vai virar terra de ninguém”, lamentou um morador.
O que diz a lei
Segundo o Código Penal Brasileiro, invasões e “sequestros de terras” podem configurar os crimes de esbulho possessório (art. 161), extorsão (art. 158) e formação de quadrilha (art. 288), todos passíveis de penas severas.
As investigações seguem sob sigilo. Mas uma coisa é certa: a paz no sertão mineiro foi abalada — e a população exige respostas rápidas e punição exemplar.
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