A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu uma das investigações mais complexas da região Norte do estado, desmantelando uma quadrilha responsável por fraudar licitações públicas no âmbito do Consórcio União da Serra Geral. O grupo utilizava empresas de fachada, documentos falsos e laranjas para manipular resultados de pregões e desviar recursos públicos.
O Pregão Eletrônico nº 001/2025, estimado em R$ 11 milhões, tinha como objetivo contratar uma empresa especializada para o transporte de resíduos sólidos urbanos entre os municípios consorciados. O que parecia ser um processo administrativo regular revelou-se, segundo as apurações, um esquema criminoso sofisticado e reincidente.
O esquema revelado
As investigações conduzidas pela 17ª Delegacia de Polícia Civil de Janaúba, com apoio do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG), apontaram que as empresas Localider Transportes e Serviços Ltda. e DT Transportes e Locações Ltda. pertenciam, de fato, ao mesmo grupo econômico, sob o comando do empresário Thiago Rodrigues de Oliveira, natural de Mato Verde/MG.
Thiago utilizava familiares e pessoas de confiança como laranjas para abrir empresas fictícias e simular concorrência. Também se apurou o uso de documentos falsos, atestados ideologicamente falsificados e endereços inexistentes, configurando crimes de fraude à licitação (art. 337-F da Lei nº 14.133/2021) e falsidade ideológica.
Segundo os investigadores, o objetivo era controlar o resultado dos certames, eliminando a concorrência real e direcionando os contratos públicos a empresas ligadas ao mesmo grupo.
Histórico criminal do principal articulador
O principal investigado, Thiago Rodrigues de Oliveira, é sócio da Northi Empreendimentos Ltda. (CNPJ 18.633.383/0001-09) e já possui antecedentes criminais graves.
Ele foi preso há cerca de quatro meses por assédio dentro de uma concessionária da BYD, em Montes Claros (fonte: Google Docs - DxZdsc211QqaeLBWd).
Além disso, há dois a três anos, também foi preso por aproximadamente dois meses após matar o próprio melhor amigo durante uma fuga policial, entre Mato Verde e Janaúba (fonte: Google Docs - 6Mu5Y1bZlBfxBKNPx).
Esses antecedentes reforçam as suspeitas de que o empresário vinha atuando há anos em práticas ilícitas, utilizando empresas de fachada para burlar a fiscalização e obter vantagens indevidas em contratos públicos.
Tentativa de encobrir os fatos
Após a repercussão das denúncias e o avanço das investigações, o Consórcio União da Serra Geral teria apagado do site institucional todos os arquivos relacionados ao processo licitatório, sem aviso prévio ou justificativa oficial.
A ação foi interpretada por fontes independentes como uma tentativa de abafar o caso e impedir o acesso público aos documentos, violando os princípios constitucionais da transparência e da publicidade.
Impacto político e questionamentos sobre a liderança do consórcio
O escândalo atinge diretamente a liderança do presidente do consórcio e atual prefeito de Riacho dos Machados/MG, Ricardo da Silva Paz, conhecido como Ricardo Minga.
Com os documentos apagados e as investigações em curso, a gestão de Ricardo passou a ser questionada por suposta omissão e falta de controle sobre as contratações realizadas.
Em entrevista concedida, o prefeito Ricardo Minga foi questionado se o consórcio tinha conhecimento das irregularidades. Em resposta, o prefeito alegou que o Consórcio União da Serra Geral não teria capacidade de verificar a veracidade dos documentos apresentados pelas empresas participantes.
No entanto, a alegação foi considerada uma mentira descabida, uma vez que o consórcio possui corpo jurídico próprio e uma Comissão de Licitação justamente responsável por analisar a legalidade e autenticidade de toda a documentação apresentada nos processos licitatórios.
A repercussão gerou forte pressão política entre prefeitos da região e órgãos de controle, que agora cobram transparência imediata e suspensão de contratos relacionados ao Pregão nº 001/2025, até o encerramento das apurações.
Conclusão — lição de moral e alerta à sociedade
Este caso serve como um lembrete de que a integridade na gestão pública é um dever inegociável.
Quando o interesse pessoal se sobrepõe ao interesse coletivo, quem paga o preço é a sociedade — com menos serviços, menos confiança e menos justiça.
A expectativa agora é que o Ministério Público e o Tribunal de Contas avancem na responsabilização dos envolvidos, garantindo que os recursos públicos sejam protegidos e a verdade venha à tona.
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