Servidores municipais de Verdelândia entram em greve por falta de pagamento de salários


(G1) Pelo menos 130 servidores municipais de Verdelândia estão sem receber salários há dois meses e por isso entraram em greve, segundo o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-Ute). Os professores, monitores, serviçais, auxiliares de secretaria e serviços gerais de escolas da cidade vinculadas à prefeitura não têm pagamentos desde o último mês de agosto. De acordo com o representante do sindicado na região, uma manifestação foi realizada nessa segunda (29) como protesto à falta de repasses, mas não houve retorno do prefeito da cidade, Wilton Madureira, nem da secretaria de Educação.

Os manifestantes conseguiram conversar com uma representante municipal do setor de Recursos Humanos durante a manifestação. O professor efetivo Elmo Santana, responsável pelo Sind-Ute em Verdelândia, afirma que a servidora convocou quatro pessoas para uma reunião e explicou que a crise orçamentária da prefeitura se deu por conta de falta de repasses do Governo Federal.

“Não tinha ninguém para nos atender. A única informação que tivemos via recursos humanos é que não receberam verbas suficientes para repassar pagamentos. Nosso questionamento é que eles não chamaram a classe para conversar, para ver como iriamos ficar”, afirma Elmo.

O que diz a prefeitura
Na tarde desta terça (30), o G1 fez contato com o prefeito de Verdelândia. Wilton Leite informou que estava em viagem e que uma servidora entraria em contato. A secretária de finanças, Ana Paula Nardi, informou por telefone que o Governo Federal teria reduzido os repasses do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), o que impactou as finanças do município.

“O governo não está passando o valor total do Fundeb, para pagar a folha na totalidade. Não dá para fazer o pagamento, mas o dinheiro que vem apenas cobre as despesas legais. Nós mostramos isso para eles, mas eles querem previsão de pagamento. Ainda não há previsão porque não sabemos valor que vai chegar”, diz.

Ainda por telefone, a secretária de educação de Verdelândia, Débora Neves, afirmou que não atendeu os manifestantes porque também está viajando. A responsável pela pasta não soube informar se há previsão de pagamento e que estratégias devem ser traçadas nos próximos dias. A secretária garantiu que o repasse de salários seria feito, mas que o INSS “sequestrou o valor da conta”.

Quando questionada sobre a obrigatoriedade de pagamento dos impostos, que seriam retirados da conta do município de qualquer modo, ela afirma que a prefeitura não tem condições de arcar com os valores. Em relação ao questionamento do Sind-Ute, que diz não ter sido comunicado sobre a crise orçamentária, Débora Neves explica que não havia como prever que o INSS faria a retirada das contas.

“Vamos tentar sentar com a contabilidade, jurídico e setor de pagamento para fazermos uma previsão. Possivelmente vamos fazer escalonamento, mas temos que esperar recursos do Governo. Não teve como fazer repasse de informação porque previsão de pagamento era para dia 30 e recursos foram bloqueados pelo INSS”, explica.

O Sind-Ute informou que convocou uma reunião com a Câmara de Vereadores de Verdelândia para a próxima quinta-feira (1). Segundo o sindicato, a intenção é questionar a falta de planejamento e ter acesso às leis orçamentárias 
do próximo ano.

Consequências da falta de pagamento
Uma professora contratada pelo município, que preferiu não se identificar, dá aulas na zona rural de Verdelândia. A servidora afirma que tem sofrido represálias por ter participado das manifestações contra a falta de pagamentos e teme ser mandada embora.

A mulher afirma que as contas estão atrasadas e que não sabe o que fazer com o orçamento da família. “As contas estão todas atrasadas e já está chegando mais. Eu estou com cartão atrasado, empréstimo de banco com juros altíssimos; atrasou tudo. O pior de tudo é porque sei que tem gente que está em situação pior ainda. Tem professoras que estão sem condições de alimentar os filhos”, lamenta.

A Prefeitura de Verdelândia não comentou sobre represálias aos servidores que protestaram contra a falta de pagamentos.

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