Carnaval não tem ver­ba pú­bli­ca em qua­se 2 mil ci­da­des

(foto: Arte/Quinho)
(Por Luiz Ribeiro e Marcelo da Fonseca) Mais de 1,8 mu­ni­cí­pios não te­rão con­di­ções fi­nan­cei­ras de pa­tro­ci­nar o car­na­val que co­me­ça ofi­cial­men­te neste sábado em to­do o país. Se­gun­do le­van­ta­men­to da Con­fe­de­ra­ção Na­cio­nal dos Mu­ni­cí­pios (CNM), di­vul­ga­do on­tem, 65% das 2,9 mil ci­da­des pes­qui­sa­das in­for­ma­ram que can­ce­la­ram os re­pas­ses pa­ra as co­me­mo­ra­ções por fal­ta de di­nhei­ro nos co­fres mu­ni­ci­pais. A maio­ria das pre­fei­tu­ras en­fren­ta di­fi­cul­da­des dian­te das su­ces­si­vas que­das do Fun­do de Par­ti­ci­pa­ção dos Mu­ni­cí­pios (FPM) e te­ve que re­ti­rar as ver­bas pre­vis­tas pa­ra a fo­lia. Ou­tras pre­fei­tu­ras, in­for­ma­ram que vão fa­zer um car­na­val a “meia-bo­ca”, gas­tan­do o mí­ni­mo pos­sí­vel.
As ci­da­des mais afe­ta­das, se­gun­do o ór­gão, são aque­las que têm me­nos de 50 mil ha­bi­tan­tes e que de­pen­dem dos re­pas­ses do FPM pa­ra ge­rir suas des­pe­sas. No ano pas­sa­do, os 2,9 mil mu­ni­cí­pios que par­ti­ci­pa­ram da pes­qui­sa da CNM gas­ta­ram em mé­dia, ca­da um de­les, R$ 158 mil com os fes­te­jos. Em 2016, os mu­ni­cí­pios que con­ti­nuam pa­tro­ci­nan­do a fes­ta pa­ra atrair tu­ris­tas es­pe­ram gas­tar, em mé­dia, R$ 129 mil, que cor­res­pon­de a 81% dos va­lo­res in­ves­ti­dos no car­na­val em 2015.
No Nor­te de Mi­nas e no Va­le do Je­qui­ti­nho­nha, re­giões mais po­bres do es­ta­do, vá­rias pre­fei­tu­ras fo­ram obri­ga­das a de­sis­tir da fes­ta de­vi­do à fal­ta de di­nhei­ro. Mas a si­tua­ção tam­bém se re­pe­te em ou­tras re­giões, co­mo no Sul do es­ta­do. “Se a pre­fei­tu­ra pro­mo­ves­se o car­na­val não te­ria di­nhei­ro pa­ra qui­tar a fo­lha de pa­ga­men­to dos fun­cio­ná­rios”, afir­ma o pre­fei­to de Fran­cis­co Sá (Nor­te de Mi­nas), De­nil­son Ro­dri­gues Sil­vei­ra (PMDB). Se­gun­do ele, a fo­lia cus­ta­ria cer­ca de R$ 120 mil aos co­fres mu­ni­ci­pais. Sil­vei­ra ale­ga que Fran­cis­co Sá, de 23,4 mil ha­bi­tan­tes, en­fren­ta sé­rias di­fi­cul­da­des fi­nan­cei­ras por cau­sa da re­du­ção dos re­pas­ses fe­de­rais, prin­ci­pal­men­te do FPM. “Hou­ve uma que­da dos re­pas­ses fe­de­rais de 30% em re­la­ção ao ano pas­sa­do. Além da di­mi­nui­ção do FPM, te­mos cer­ca de R$ 700 mil de va­lo­res a re­ce­ber em atra­so da área de saú­de e R$ 93 mil atra­sa­dos de pro­gra­mas de ou­tras áreas”, re­la­ta.
Tam­bém no Nor­te de Mi­nas, o pre­fei­to da pe­que­na Glau­ci­lân­dia, de 3,2 mil ha­bi­tan­tes, Ge­ral­do Mar­tins de Frei­tas (PMDB), sus­pen­deu o car­na­val ale­gan­do fal­ta de di­nhei­ro. “Não te­mos re­cur­sos su­fi­cien­tes pa­ra pro­mo­ver o car­na­val. Mes­mo se a gen­te fos­se fa­zer, se­ria uma “coi­sa mais sim­ples”, te­ria que gas­tar pe­lo me­nos R$ 30 mil com a con­tra­ta­ção de uma ban­da e de som”, diz Frei­tas. Ele re­cla­ma que a pre­fei­tu­ra en­fren­ta di­fi­cul­da­des pa­ra con­ser­tar es­tra­das vi­ci­nais e pon­tes na zo­na ru­ral do mu­ni­cí­pio, que fo­ram des­truí­das pe­las chu­vas de ja­nei­ro. 

Em Janaúba, cidade que por muitos anos teve um dos maiores e melhores carnavais do estado, perdeu de vez o status de cidade carnavalesca e mais uma vez a prefeitura cancelou a festividade alegando dificuldades financeiras.

Eco­no­mia
Na vi­zi­nha Ju­ra­men­to (4,2 mil ha­bi­tan­tes), se­pa­ra­da de Glau­ci­lân­dia por ape­nas 18 qui­lô­me­tros, a pre­fei­tu­ra vai pro­mo­ver o Car­na­val, mas de ma­nei­ra eco­nô­mi­ca. Se­rão ape­nas dois dias de fes­ta (ho­je e ama­nhã), com ani­ma­ção de duas ban­das da re­gião. “O nos­so ob­je­ti­vo é fa­zer al­gu­ma coi­sa, a bai­xo cus­to, ape­nas pa­ra não dei­xar o car­na­val pas­sar em bran­co”, afir­ma Tâ­nia Si­lei­de Pe­rei­ra, se­cre­tá­ria mu­ni­ci­pal de Ad­mi­nis­tra­ção de Ju­ra­men­to. “Por cau­sa das que­das do FPM, a pre­fei­tu­ra não tem co­mo fa­zer um car­na­val maior e me­lhor”, ar­gu­men­ta.
A si­tua­ção é a mes­ma em Bo­caiu­va, de 48,9 mil ha­bi­tan­tes, on­de a ad­mi­nis­tra­ção mu­ni­ci­pal de­ci­diu pro­mo­ver a fes­ta du­ran­te três dias (de ho­je até se­gun­da), con­tan­do ape­nas com ban­das e can­to­res lo­cais.
A es­cas­sez de ver­ba tam­bém mo­ti­vou o can­ce­la­men­to do car­na­val em ci­da­des do Va­le do Je­qui­ti­nho­nha. “Re­co­nhe­ce­mos a im­por­tân­cia da fes­ta, mas, com a que­da da ar­re­ca­da­ção, va­mos prio­ri­zar o pa­ga­men­to de for­ne­ce­do­res e o res­tan­te do acer­to que te­mos de fa­zer com os fun­cio­ná­rios con­tra­ta­dos e que fo­ram dis­pen­sa­dos no fi­nal do ano”, jus­ti­fi­ca Fran­cis­co Ele­tân­cio Mur­ta (PMN), pre­fei­to de Co­ro­nel Mur­ta.

Atrasados

A fal­ta de cai­xa pa­ra ban­car o car­na­val se re­pe­te em ci­da­des do Sul de Mi­nas. É o ca­so de La­vras. Se­gun­do a pre­fei­tu­ra, o mu­ni­cí­pio re­gis­trou um ano com pro­ble­mas de ar­re­ca­da­ção e te­ve di­fi­cul­da­des em qui­tar os sa­lá­rios dos ser­vi­do­res. Os blo­cos, que an­tes des­fi­la­vam pe­lo cen­tro da ci­da­de, fo­ram can­ce­la­dos em ja­nei­ro e a pre­fei­tu­ra co­mu­ni­cou à Po­lí­cia Mi­li­tar e ao Cor­po de Bom­bei­ros que não se­rão fei­tas co­me­mo­ra­ções du­ran­te o car­na­val.
Em Ca­xam­bu, a si­tua­ção é um pou­co di­fe­ren­te. So­men­te on­tem, às 18h30, o pre­fei­to Ju­ran­dir Be­li­ni, con­fir­mou por meio de pro­nun­cia­men­to em rá­dio que a fes­ta não se­ria rea­li­za­da. “In­fe­liz­men­te, não exis­te mais tem­po há­bil pa­ra se rea­li­zar o car­na­val”, afir­mou Be­li­ni. Nos úl­ti­mos anos a fes­ta te­ve um pal­co no cen­tro da ci­da­de e le­vou mi­lha­res de fo­liões pa­ra as ruas. Em ja­nei­ro, a Jus­ti­ça de­ci­diu can­ce­lar a fes­ta, que cus­ta­ria R$ 240 mil aos co­fres pú­bli­cos, de­pois que o Mi­nis­té­rio Pú­bli­co ins­tau­rou in­qué­ri­to ci­vil con­tra o mu­ni­cí­pio. O mo­ti­vo foi o não pa­ga­men­to do 13º sa­lá­rio de 2015 dos ser­vi­do­res mu­ni­ci­pais e a fal­ta de va­gas pa­ra alu­nos do en­si­no in­fan­til no sis­te­ma edu­ca­cio­nal do mu­ni­cí­pio. O juiz da co­mar­ca, Ra­phael Fer­rei­ra Mo­rei­ra, de­ter­mi­nou que Ca­xam­bu não rea­li­zas­se a fes­ta, sob pe­na de mul­ta diá­ria de R$ 20 mil. No en­tan­to, na quin­ta-fei­ra, a Jus­ti­ça re­vo­gou a li­mi­nar e au­to­ri­zou as co­me­mo­ra­ções pa­tro­ci­na­das pe­la pre­fei­tu­ra. A de­ci­são em ci­ma da ho­ra não foi su­fi­cien­te pa­ra re­ver­ter a sus­pen­são da fes­ta.

Comentários

  1. Em Janaúba. Vende um cofre ainda novo ou quase novo, tomado da ruralminas desadas atras, arrastado pelas ruas de janaúba e levado encima de paus roliços ate a sede do município.
    O cofre permanece quase novo em virtude que roubam toda grana e nunca se sobrou um centavo para guardar neste local.
    Os interessados poderão procurar a ruralminas que quer recuperar o cofre para vende lo já que o estado não tem grana para nada nem para comprar papel higiênico par ao DER.
    Estão sendo vistos restos jogados pela rodovia em alguns pontos das rodovias.

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