Apesar da riqueza hídrica, Matias Cardoso sofre com os efeitos da seca

Igreja Nossa Senhora da conceição foi erguida há 338 anos e é um símbolo da cidade (Foto: Adriana Lisboa / G1)
(G1) O povoamento mais antigo de Minas Gerais, também abriga a primeira igreja construída no estado. A importância histórica da Matias Cardoso pode ser simbolizada pela igreja Nossa Senhora da Conceição, erguida há 338 anos por padres jesuítas. Matias Cardoso, no extremo norte de Minas, entrou na rota da expedição do “Vidas Áridas na Estrada” por ser um município que também está sofrendo com a seca que assola toda a região. As cidades de Porteirinha e de Pai Pedro foram as primeiras visitadas pela caravana.
Apesar do potencial e riqueza hídrica, uma vez que o município é banhado pelos rios São Francisco e Rio Verde Grande, o contraste da fartura e da extrema pobreza são evidentes em Matias Cardoso. De um lado, a irrigação do projeto Jaíba que gera riqueza econômica, e de outro, famílias que precisam ser abastecidas por caminhões-pipa para sobreviver.
O forte calor é uma característica da região, que faz divisa com a Bahia. A vegetação seca, associada a uma temperatura acima de 40 graus, insere ao sertanejo um ar desolador. Porém, a típica coragem e fé do homem do campo mantém viva a esperança de tempos melhores.
Na zona rural do município, os efeitos da seca sãos sentidos pelos moradores. Em Rio Verde de Minas, distrito de Matias Cardoso, a paisagem está ressecada, mas mesmo com as dificuldades, o sertanejo não desiste de viver na zona rural.
José Lopes Bandeira é morador da comunidade Cabeça da Onça, também zona rural de Matias Cardoso. O lavrador vive com a esposa e três filhos, e depende do abastecimento de carros-pipa para sobreviver. José Lopes mora a menos de um quilômetro do leito do Rio Verde, que secou completamente.
Onde deveria passar água, uma construção de 30 metros de altura se destaca no leito do Rio Verde Grande, e de acordo com o lavrador, a estrutura era usada para captação de água para irrigação de uma fazenda de arroz.
A construção é vista pelos moradores como um símbolo dos tempos de fartura, quando a água era abundante.
“A estrutura era usada para jogar água na fazenda de arroz e hoje não tem água nenhuma. Todo ano o rio seca. Esse rio era cheio de água, não faltava nada”, recorda Jose Lopes.
De acordo com o prefeito de Matias Cardoso, Edmárcio Moura Leal, o município atravessa uma seca sem precedentes. “Há 62 anos meu tio dizia que era possível escolher o peixe que queria pescar. A copa das árvores se encontravam, era uma paz. Ontem eu pude andar de carro dentro do Rio Verde Grande por três quilômetros, sem ter uma gota d’água. É uma sensação de abandono, de morte”.
A presença do Vidas Áridas no município é mais uma tentativa de chamar a atenção das autoridades, além de estimular que estratégias de convivência com a seca sejam pensadas e elaboradas.
Segundo um dos criadores do Vidas Áridas, Geraldo Humberto, os problemas de falta d’água no município refletem diretamente no rio da integração nacional. “O rio Verde Grande e um importante curso d’água que alimenta o rio São Francisco, prova disso é que em pleno período do de seca, o rio São Francisco agoniza com enormes bancos de areia, mostrando cada vez mais a sua fragilidade por causa da seca”, diz.
A passagem do Vidas Áridas por Matias Cardoso chama atenção para que as autoridades governamentais tenham uma atenção especial para os afluentes do São Francisco. “Sem eles, será cada vez mais difícil assistir o São Francisco com sua beleza imponente, fazendo jus ao rio da integração nacional. Segurar a água é assegurar a vida”, fala Geraldo.

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