Tornozeleira não intimidou ex-prefeito de Coração de Jesus a oferecer suborno a testemunha

Enquanto utilizava tornozeleira eletrônica – medida restritiva tomada em função da acusação de desvios milionários de recursos públicos – o ex-prefeito de Coração de Jesus, no Norte de Minas, Antônio Cordeiro, não se sentiu intimidado: tentou subornar a principal testemunha do Ministério Público.
Enquanto utilizava tornozeleira eletrônica – medida restritiva tomada em função da acusação de desvios milionários de recursos públicos – o ex-prefeito de Coração de Jesus, no Norte de Minas, Antônio Cordeiro, não se sentiu intimidado: tentou subornar a principal testemunha do Ministério Público. 
De acordo com a Promotoria do Patrimônio Público da região, o ex-prefeito ofereceu R$ 30 mil ao seu ex-chefe do departamento de Obras e Máquinas, Gleisson Ferreira Leite, para que ele não revelasse o esquema criminoso montado na pequena cidade, em que 50% da população, segundo o IBGE, vive no limiar entre a pobreza e a miséria absoluta.  
Antônio Cordeiro foi o primeiro prefeito do país a utilizar a tornozeleira eletrônica. Na última quarta-feira (28), ele foi preso pela Polícia Federal na operação Odin II. Junto dele, foram detidos o empresário Evandro Garcia Leite e o engenheiro Walfredo Soares Barbosa, responsável pela fiscalização de obras na prefeitura.  
O Hoje em Dia teve acesso ao despacho da juíza Sônia Maria Fernandes Marques, da Comarca de Coração de Jesus, e à denúncia do Ministério Público. Ambos mostram a revolta das autoridades com a atuação da quadrilha. Evandro já foi preso pela PF, na operação Máscara da Sanidade. De acordo com a denúncia dos promotores, ele é acusado de desviar R$ 100 milhões em recursos de 40 prefeituras do Norte de Minas. Uma delas é Coração de Jesus.

Periculosidade  

Para a juíza, os presos demonstraram que irão continuar a atuar em práticas criminosas. “A periculosidade dos representados é evidenciada pelas próprias circunstâncias em concreto dos delitos, sobretudo pelos reflexos maléficos nos serviços públicos que poderiam ter sido concedidos ou melhorados para os cidadãos”, conclui, ao mencionar Walfredo e Evandro.  
Para a magistrada, o povo não tolera mais a corrupção que se instalou em cidades carentes. “A população está intranquila e reclama, com razão, uma resposta rápida e eficaz contra a corrupção no país. Diante desse fato, não pode o Judiciário se omitir, fechar os olhos e ignorar a situação atual”, conclui.  
A audácia do ex-prefeito chamou a atenção. Segundo o Ministério Público, mesmo com a tornozeleira, ele procurou o antigo servidor para oferecer-lhe propina. O dinheiro seria para que ele “não falasse que as máquinas do município de Coração de Jesus trabalharam em obras licitadas a outras empresas”.  
Evandro atuava da seguinte forma: fraudava licitações e as superfaturava. Volta e meia não prestava os serviços, segundo a denúncia. Em Coração de Jesus, utilizou mão de obra e maquinário da própria prefeitura.


Pablo de Melo
pablo-labs@hotmail.com 

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