Manguense relata experiência de vida nos Estados Unidos
Ela tem muita história para contar, e, no próximo dia 15, narrará sua trajetória em primeira pessoa em uma palestra documental inovadora, mesclando poesia, oralidade e projeções de sua trajetória de Manga à Nova Iorque, com mediação do doutor Eduardo Vianna.
Uma mulher negra brasileira palestrando em uma grande universidade estadunidense já é surpreendente, mas o caso de Alline é ainda mais: ela é autodidata, mas não possui curso superior, é ativista social, mas se sustenta fazendo faxinas em casas nova-iorquinas, aonde vive há dois anos. “Para nós, mulheres negras, não foi permitido narrar nossas histórias em primeira pessoa, eu quebro esse paradigma, eu que conto minha história, para mim é muito importante”, aponta.
“A vida foi a minha universidade, eu, sem curso superior, sem nada, eu adquiri todas essas informações, aprendo e pesquiso muito. Minha construção identitária é baseada no que aprendi lendo os autores acadêmicos Ângela Davis e Frantz Fanon”, relembra.
“Com Ângela Davis, em ‘Mulheres, Raça e Classe’, eu identifiquei que em todo este processo da construção de minha identidade, gênero, raça e classe sempre caminharam juntos, sou mulher negra e pobre. Com Frantz Fanon, no livro ‘Peles Negras Máscaras Brancas’, de uma forma muito radical, eu me descolonizei, modifiquei totalmente o meu ser, eu me libertei”, conta Alline.
“Não podemos dicotomizar os dois tipos de conhecimento”, aponta Eduardo Vianna. “O conhecimento conceitual, teórico tem que estar a serviço da pratica, mas a prática precisa ser analisada, o que requer conceitos”, defende o mediador.
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